sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


SÃO JOÃO DA CRUZ

O santo deste dia é conhecido como "doutor místico": São João da Cruz. Nasceu em Fontiveros, na Espanha, em 1542. Seus pais, Gonçalo e Catarina, eram pobres tecelões. Gonçalo morreu cedo e a viúva teve de passar por dificuldades enormes para sustentar os três filhos: Francisco, João e Luís, sendo que este último morreu quando ainda era criança. Como João de Yepes (era este o seu nome de batismo) mostrou-se inclinado para os estudos, a mãe o enviou para o Colégio da Doutrina. Em 1551, os padres jesuítas fundaram um colégio em Medina (centro comercial de Castela). Nele, esse grande santo estudou Ciências Humanas. 

Com 21 anos, sentiu o chamado à vida religiosa e entrou na Ordem Carmelita, na qual pediu o hábito. Nos tempos livres, gostava de visitar os doentes nos hospitais, servindo-os como enfermeiro. Ocasião em que passou a ser chamado de João de Santa Maria. Devido ao talento e à virtude, rapidamente foi destinado para o colégio de Santo André, pertencente à Ordem, em Salamanca, ao lado da famosa Universidade. Ali estudou Artes e Teologia. Foi nesse colégio nomeado de "prefeito dos estudantes", o que indica o seu bom aproveitamento e a estima que os demais tinham por ele. Em 1567 foi ordenado sacerdote.

Desejando uma disciplina mais rígida, São João da Cruz quase saiu da Ordem para ir ingressar na Ordem dos Cartuxos, mas, felizmente, encontrou-se com a reformadora dos Carmelos, Santa Teresa D'Ávila, a qual havia recebido autorização para a reforma dos conventos masculinos. João, empenhado na reforma, conheceu o sofrimento, as perseguições e tantas outras resistências. Chegou a ficar nove meses preso num convento em Toledo, até que conseguiu fugir. Dessa forma, o santo espanhol transformou, em Deus e por Deus, todas as cruzes num meio de santificação para si e para os irmãos. Três coisas pediu e acabou recebendo de Deus: primeiro: força para trabalhar e sofrer muito; segundo: não sair deste mundo como superior de uma comunidade; e terceiro: morrer desprezado e escarnecido pelos homens. 

Pregador, místico, escritor e poeta, esse grande santo da Igreja faleceu após uma penosíssima enfermidade, em 1591, com 49 anos de idade. Foi canonizado no ano de 1726 e, em 1926, o Papa Pio XI o declarou Doutor da Igreja. Escreveu obras bem conhecidas como: Subida do Monte Carmelo; Noite escura da alma (estas duas fazem parte de um todo, que ficou inacabado); Cântico espiritual e Chama viva de amor. No decurso delas, o itinerário que a alma percorre é claro e certeiro. Negação e purificação das suas desordens sob todos os aspectos. 

São João da Cruz é o Doutor Místico por antonomásia, da Igreja, o representante principal da sua mística no mundo, a figura mais ilustre da cultura espanhola e uma das principais da cultura universal. Foi adotado como Patrono da Rádio, pois, quando pregava, a sua voz chegava muito longe.

São João da Cruz, rogai por nós!

O AMOR NOS ENOBRECE

Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.
A confiança em Deus nos torna capazes de amar como Ele ama, a ponto de o nosso coração tornar-se semelhante ao de Jesus.
Ao longo do dia, podemos manter o nosso coração unido ao de Cristo por meio de boas ações e da oração confiante: “Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso, fazei-nos viver o amor e a reconciliação”.
A vontade de Deus a nosso respeito é que amemos; aliás, este é o m
andamento que o próprio Senhor nos deu: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34).
Quanto mais amamos, tanto mais parecidos com o Senhor nos tornamos. O amor nos enobrece e nos santifica.
Senhor, ensina-nos o Teu jeito de amar.
Jesus, eu confio em Vós!
 Luzia Santiago

O QUE OBSCURECE O NOSSO OLHAR


Precisamos abrir os "olhos" do coração

A fé é um dom de Deus; precisamos pedi-la. Mas também mencionávamos que existe a “nossa parte”, algo que nós devemos fazer. E essa parte tem dois aspectos:
O negativo é remover os obstáculos que nos impedem de ter fé; o positivo, já mencionado, é sair da ignorância, conhecer e estudar a doutrina, os “conteúdos” da fé, e nos esforçar para viver dessa fé. Vou deter-me apenas no primeiro aspecto, naquilo que bloqueia a fé no nosso coração.
Quando, após ouvirem a parábola do semeador, os discípulos se aproximaram de Jesus para pedir-Lhe uma explicação, Cristo falou-lhes de dois olhares espirituais, os quais podem nos levar à tristeza ou à alegria.
O primeiro olhar é o dos que têm o coração culpavelmente endurecido, “engordurado” de coisas materiais. "O coração deste povo tornou-se 'engordurado', duro, e duros também os seus ouvidos: fecharam os olhos para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare"(Mt 13,15; e Is 6,9-10).
O segundo olhar é o dos homens e mulheres de boa vontade, como eram aqueles que ouviam sinceramente a Cristo. A eles diz Jesus: Quanto a vós, felizes os vossos olhos, porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não o viram; e ouvir o que estais ouvindo, e não o ouviram (Mt 13,16-17).
O que é que fecha os “olhos do coração” (Ef 1,18)? Jesus o esclarece: Se teu olho estiver são, todo o teu corpo – tudo em ti – estará iluminado; mas, se estiver em mau estado, o teu corpo estará em trevas. Vê, pois, se a luz que está em ti [o que tu julgas ver claro, tuas ideias, tua “fé” prefabricada] não será escuridão (Lc 11,34-35).
Fica na “escuridão” o coração que refuga a verdade, que ama mais o prazer, a satisfação  egoísta (e a simples “opinião pessoal”) do que a verdade. Cumpre-se nele o que diz o Senhor: "Todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas (Jo 3, 20).
E o que abre os olhos do coração? A pureza interior.Felizes os puros de coração, porque eles verão a Deus(Mt 5,8). É puro o coração sincero, o que é reto, o que quer saber, o que não trapaceia com a consciência, o que ama a verdade, o que não desvia o olhar antes de ver. Aquele que pratica a verdade aproxima-se da luz (Jo 3,21).
A má vontade, como acabamos de mencionar. Uma má vontade que se desdobra em várias “impurezas” do coração, em que vale a pena insistir. Tomara que isso possa nos ajudar a abrir as portas do coração a Cristo, que bate nelas com força neste Ano da Fé (cf. Ap 3,20).
A “impureza” mais comum – já o víamos – é o endurecimento no erro, no pecado, que leva a não querer mudar e, antes disso, a não querer nem saber do que é certo ou errado. São Paulo fala com clareza dessa doença do coração, referindo-se aos que, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como a Deus que é, nem lhe renderam graças, antes se perderam nos seus pensamentos, obscurecendo-se deste modo o seu coração insensato. Julgando-se sábios, tornaram-se estúpidos [...]. Por isso Deus os entregou à impureza, de acordo com os desejos de seus corações… (Rm 1, 21-22.24).
Santo Tomás de Aquino comenta que há dois pecados que costumam opor uma barreira à fé: a luxúria, ou seja, a sexualidade desregrada, e a “acídia”, que é a preguiça espiritual, a repugnância gratuita pela religião e a aversão aos bens da alma, próprias do “homem carnal”, expressão bíblica que significa principalmente “homem orgulhoso e egoísta”.
A mais comum – já o víamos – é o endurecimento no erro, no pecado, que leva a não querer mudar e, antes disso, a não querer nem saber o que é certo ou errado. São Paulo fala claramente dessa impureza do coração, quando menciona os que tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como a Deus que é, nem lhe renderam graças, antes se perderam nos seus pensamentos,obscurecendo-se deste modo o seu coração insensato. Julgando-se sábios, tornaram-se estúpidos [...]. Por isso Deus os entregou à impureza, de acordo com os desejos de seus corações… (Rm 1, 21-22.24).
Santo Tomás de Aquino comenta que há dois pecados que costumam opor uma barreira à graça da fé: a luxúria, ou seja, a sexualidade desregrada; e a “acídia”, que é a preguiça espiritual, a repugnância gratuita pela religião, a indiferença e até mesmo a aversão aos bens da alma, próprias do “homem carnal”, expressão bíblica que significa principalmente “homem egoísta”.
Foi isso o que retraiu da fé o governador romano da Palestina, Félix. Estando São Paulo preso na cidade de Cesaréia marítima, sede do governo do representante de Roma, mandava chamá-lo com frequência para conversar com ele, e ouvia-o falar da fé em Jesus Cristo. Mas, como Paulo lhe falasse sobre a justiça, a castidade e o juízo futuro, Félix, todo atemorizado, disse: “Por ora, podes retirar-te. Chamar-te-ei na próxima oportunidade”(cf. At 24,24-26). Nem quis escutar.
Outra impureza do coração é a boa vontade insincera, que tem medo de complicar a vida: medo da luta, dos sacrifícios que podem ser necessários para se aproximar de Deus e cumprir a Sua vontade. Santo Agostinho experimentou-a, e escrevia, já consciente de que Deus o chamava à conversão: «Interiormente, dizia de mim para mim: “Vamos agora, agora!” Estava já a ponto de passar da palavra às obras, no limiar da ação, mas não agia.
Podia mais em mim o mal que já se fizera hábito do que o bem a que eu não me habituara. Ia-me apavorando cada vez mais, à medida que se aproximava o momento decisivo… Eram bagatelas as coisas que me retinham, vaidades de vaidades, minhas antigas amigas; puxavam-me pela minha roupa de carne e diziam-me em voz baixa: “Queres deixar-nos? Tão mal nos portamos contigo?”» (Confissões, Livro 8, cap. 11).
Há ainda uma outra impureza do coração, tão sutil como perniciosa: a tibieza, a fé morna unida ao amor morno. Cristo, quando apareceu a São João na ilha de Patmos – onde João, desterrado, escreveu o Apocalipse –, fez-lhe o retrato espiritual desses cristãos “satisfeitos”, que às vezes precisam tanto ou mais de conversão do que os pagãos e os descrentes: Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar da minha boca …Porque dizes: de nada necessito… e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que compres de mim…um colírio para ungir teus olhos, de modo que possas ver claro. Eu repreendo e castigo aqueles que amo (Ap, 3,14-19).
Padre Francisco Faus

JESUS, O PECADO E A CONFISSÃO

O perdão é uma iniciativa da misericórdia de Deus

O Evangelho (Mc 2,1-12) apresenta Jesus e o pecado. Quatro amigos levam à presença do Senhor um paralítico desejoso de ver-se livre da doença que o mantém preso ao leito. Depois de inúmeros esforços para consegui-lo, ouvem as palavras dirigidas ao amigo enfermo: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2,5). É muito possível que não fossem essas as palavras que esperavam ouvir do Mestre; mas Cristo indica-nos que a pior de todas as opressões, a mais trágica das escravidões que um homem pode sofrer é o pecado, pois este não é apenas mais um dentre os males que podem afligir as criaturas, mas é o único mal absoluto.

Os amigos que levaram o paralítico à presença de Jesus compreenderam que acabava de ser-lhe concedido o maior de todos os bens: a libertação dos seus pecados! E nós não podemos esquecer a grande cooperação para o bem que significa empregarmos todos os meios ao nosso alcance para desterrar o pecado do mundo. Muitas vezes, o maior favor, o maior benefício que podemos fazer a um amigo, ao irmão, aos pais, aos filhos é ajudá-los a ter muito em conta o sacramento da misericórdia divina (a confissão). É um bem para a família, para a Igreja, para a humanidade inteira, ainda que, aqui na terra, muito pouca gente se aperceba disso.

Cristo liberta do pecado com o Seu poder divino. Quem pode perdoar pecados senão Deus? Ele veio à Terra para isso:“Deus, porém, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, e estando nós mortos pelos nossos pecados, deu-nos a vida por Cristo” (Ef. 2,4-5). Depois de perdoar ao paralítico os seus pecados, o Senhor curou-o também dos seus males físicos. Este homem não deve ter demorado a compreender que a sua grande sorte fora a primeira: sentir a sua alma trespassada pela misericórdia divina e poder olhar para Jesus com um coração limpo.
O paralítico ficou curado de alma e de corpo, e os seus amigos são hoje um exemplo para nós de como devemos estar dispostos a prestar a nossa ajuda para o bem das almas – sobretudo mediante um apostolado pessoal de amizade – e a potenciar o bem humano da sociedade por todos os meios ao nosso alcance: oferecendo soluções positivas para anular o mal, colaborando com qualquer obra a favor do bem, da vida, da cultura.

A cura do corpo testemunha o perdão dos pecados; é sinal externo, ao alcance de todos, do perdão concedido e, ao mesmo tempo, demonstra a grandeza do perdão de Deus, que não destrói somente os pecados do homem, mais também o cumula de maravilhosos bens. Perdoar os pecados é uma iniciativa da misericórdia divina que procura todos os caminhos para salvar o homem, criatura do Seu amor.

O poder de perdão que Jesus tinha continua na Igreja, a quem foi entregue na primeira aparição do Cristo Ressuscitado na tarde do dia de Páscoa (Jo 20, 19-23): “Recebam o Espírito Santo, a quem perdoardes serão perdoados”. Os apóstolos foram enviados a perdoar em nome de Deus. Daí a beleza e a grandeza do sacramento da reconciliação ou penitência (confissão). É o sacramento da alegria: Nasceu no dia de Páscoa, num clima de alegria e vitória (sobre a morte e o pecado). A alegria de experimentar o perdão do Senhor e a comunhão com os irmãos; sentir-se perdoado e aceito por Deus, Pai e Amigo, que nos repete: “Filho, teus pecados estão perdoados”.

Não podemos reduzir o sacramento da confissão a apenas um ritualismo de contar os pecados ao padre. Precisa de um processo de conversão, pelo qual o cristão se reconhece pecador e deseja refazer sua vida cristã. 

O sacramento da confissão constitui uma forma especial de ação de graças pelo mistério do Cristo que perdoou ou que manifestou à humanidade a misericórdia do Pai por meio do perdão aos pecadores. Como Deus, Ele pode perdoar pecados e deseja perdoá-los, bastando que as pessoas, arrependidas, reconheçam o seu pecado. Para que esta reconciliação adquira uma forma perceptível ou sacramental, Jesus transmitiu o seu poder de perdoar os pecados aos apóstolos e seus sucessores. 

Demos graças a Deus por todas as vezes que fomos perdoados no Sacramento da Penitência (confissão) e por toda graça que já recebemos por esse sacramento.
Mons. José Maria Pereira