sábado, 8 de dezembro de 2012


NOSSA SENHORA DA IMACULADA

Mais do que memória ou festa de um dos santos de Deus, neste dia estamos solenemente comemorando a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Rainha de todos os santos.

Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.

A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.

Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant'Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". 

No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma:"Maria isenta do pecado original".

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: "Eu Sou a Imaculada Conceição". 

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

PROCLAME AS MARAVILHAS DO SENHOR EM NOSSA VIDA


"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Em vosso caminho, anunciai: 'O Reino dos Céus está próximo'. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. Ao entrardes numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não os receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo" (Mateus 10,7-15).

Neste trecho do Evangelho segundo Mateus, Jesus está anunciando o Reino de Deus e mandando Seus apóstolos anunciar que "O Reino dos Céus está próximo" (Mt 10,7). "Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). 

É muito interessante observar que os apóstolos, depois de Pentecostes, já anunciam que a vinda do Senhor está próxima. Na segunda pregação de Pedro, quando ele cura o homem que era aleijado, ele anuncia que o Senhor vinha para transformar todas as coisas, terras e céus. A primeira pregação já é o início da evangelização. Como Jesus e João Batista, Pedro disse: "Convertei-vos e crede no Evangelho".

Crer no Evangelho é assumi-lo de tal maneira que vamos sendo transformados por essa vida nova que Deus vem nos trazer. 

A Igreja está insistindo que todos nós cristãos precisamos ser discípulos e missionários, ou seja, levar o Evangelho a todas as pessoas e patrocinar o encontro pessoal delas com Jesus. Quando as pessoas têm seu encontro pessoal com Jesus, a conversão acontece. Você não precisa ser pregador, pois todos nós podemos ser anunciadores do Evangelho testemunhando aquilo que Deus fez em nossas vidas. É o recordar-se de proclamar as maravilhas do Senhor, as coisas lindas que Ele fez na nossa vida. É um testemunho simples daquilo que vivemos. 

Para isso, não é preciso que você tenha tido uma vida pecaminosa e depois mudado. Muitos eram apenas católicos relaxados, mas o Senhor os tocou por meio de alguém e tudo mudou na vida deles e em suas casas. Vimos curas das pessoas próximas a nós por graças que Deus nos concedeu. O Senhor continua agindo, porque Ele é um Deus de amor e de poder. Todos nós podemos ser discípulos e missionários, agora, com as qualidades que temos.

No Antigo Testamento, temos um exemplo maravilhoso: José. Os irmãos dele, filhos de Jacó, tinham inveja dele, porque o pai o amava e manifestava seu amor por ele. Quando eles [irmãos] o traíram e o venderam a negociantes árabes, estes o levaram para o Egito e venderam-no como escravo. Mas, graças a Deus, José se tornou escravo de um homem muito forte, o qual viu que ele não era um escravo comum, mas um homem dócil, bondoso. E por causa da bondade e das qualidades de José, a esposa de seu patrão começou a assediá-lo e tramou para pecar com ele, inventando toda uma história como se fosse ele quem a tivesse assediado. Por isso, ele vai para a cadeia, e lá, pela graça de Deus, consegue desvendar os sonhos de dois prisioneiros que eram servos ligados ao faraó. 

Assim, quando o faraó tem aquele sonho das sete vacas gordas e sete vacas magras, cujo significado ninguém no reino consegue interpretar, ele chama José e este o interpreta. José diz que as sete vacas gordas significavam sete anos de abundância, e que as sete vacas magras, sete anos de uma carestia enorme no Egito. O faraó faz dele o administrador de todos os seus bens. Então, em sete anos, José enche os celeiros de alimentos. 

Ele, que já tinha reconhecido seus irmãos quando estes vieram buscar trigo no Egito, manifesta-se a eles, dizendo: "Eu sou José, vosso irmão" (cf. Gn 45,3). Então, eles lhe pedem misericórdia, e José lhes diz: "Não vos aflijais, nem vos atormenteis por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação que Deus me mandou adiante de vós, para o Egito" (Gn 45,5).

Meus irmãos, é preciso reconciliar-se e perdoar. Muitas vezes, isso é difícil para nós, pois pensamos que perdoar é dar razão ao outro. Não, não é assim, você perdoa, porque a pessoa é culpada, devedora. Ela não está certa, foi injusta com você, mas você não a condena. Muito mais do que José, Jesus perdoou todos os Seus irmãos. Ele perdoou a mim e a você, gratuitamente, com o preço do Seu sangue. 

Talvez seja difícil perdoar alguém, mas a primeira pessoa a ser beneficiada com o perdão vai ser você mesmo, porque a falta de perdão o carcome. A pessoa que não perdoa, prejudica-se e acaba caindo em muitas doenças por estar com o coração cheio de mágoa e de rancor. A nossa salvação é o perdão, Jesus nos perdoou quando éramos pecadores, quando éramos culpados. 

Precisamos, especialmente nesses tempos, ser discípulos e missionários, porque o Reino dos Céus está próximo.

Por isso, "convertei-vos e crede no Evangelho".

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

IMACULADA CONCEIÇÃO

Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça

O tempo do Advento tem, sem dúvida alguma, um sabor mariano. É com a Virgem que melhor aprendemos como esperar o Sol que nasce da Aurora, o Cristo, nosso Deus! Por isso, é muito conveniente celebrar a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a Virgem.

O que a Igreja crê e celebra neste mistério? A Escritura Santa nos ensina que a humanidade fora criada por Deus para a comunhão com Ele, para ser feliz convivendo com Ele, construindo a vida e o mundo. Mas, infelizmente, desde o início da história humana e até hoje, nossa raça foi dizendo “não” ao sonho de Deus. Quisemos e queremos ainda ser como deuses, conhecedores do bem e do mal (cf. Gn 3,4s); queremos viver a vida de modo autônomo, como se a existência fosse nossa e não um dom recebido do Senhor. Se não dizemos, pensamos muitas vezes: "A vida é minha; faço dela o que eu quero! O resultado dessa atitude tem sido trágico: tornamo-nos uma humanidade ferida, esfacelada num mundo também ferido e esfacelado. 

Somos todos presa de um enorme fechamento para Deus, uma desconfiança n'Ele, uma tendência a não percebê-Lo. Por isso somos profundamente desequilibrados no nosso modo de nos ver, de ver a vida, de nos relacionar com os outros e com o mundo. Somos um poço de contradições, de paixões, de anseios desencontrados e sentimentos, muitas vezes, destrutivos. Somos, pois, profundamente feridos de morte, feridos até a morte! É esta situação miserável que a Igreja denomina “pecado original”, pecado que já nos marca desde o primeiro momento de nossa existência: “Minha mãe já concebeu-me pecador” (Sl 50,7). É desta situação miserável, sem saída, que Cristo nos arranca com a Sua encarnação, Sua vida, Sua morte e ressurreição com o dom do Seu Espírito: “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente em virtude da redenção realizada por Jesus Cristo” (Rm 3,23s). 

Pois bem, a Igreja crê, firmemente, que a toda Santa Virgem Maria, desde o primeiro momento em que foi concebida no seio de sua mãe, foi preservada por Deus desta solidariedade com esta situação de pecado. Nós já nascemos marcados de morte; ela, desta marca de pecado foi preservada; nós, precisamos ser arrancados da lama do pecado graças à cruz do Cristo; ela, pela cruz do Cristo foi liberta desde a origem e, sequer, foi tocada por esta lama maldita; nós fomos redimidos, porque lavados desta lama; ela foi ainda mais perfeitamente redimida. porque, pelos méritos da Paixão do Senhor, sequer experimentou esta situação de pecaminosidade. 

Desde o ventre materno, desde o primeiro instante de sua concepção, o Senhor a libertou graças aos méritos de Cristo. Ela, a Virgem, pode ser chamada Toda Santa, isto é, Toda Santificada. Ela pode cantar as palavras da profecia de Isaías: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me vestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias!”

A Igreja crê nesta Concepção Imaculada da Mãe de Jesus e com ela se alegra. E crê fundamentada na Escritura Sagrada. A Palavra de Deus não afirma que o Senhor colocou uma inimizade de morte entre a serpente e a Mulher, entre a descendência da serpente e da Mulher? Quem é esta Mulher? Não é aquela a quem Jesus chama Mulher em Caná e ao pé da cruz? Não é aquela de quem São Paulo diz: “Quando chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o Seu Filho nascido de Mulher? Como, pois, poderia estar sob o domínio do pecado, fruto da serpente, a Mulher de quem nasceria o Cordeiro sem mancha, que tira o pecado do mundo? 
Estejamos atentos ainda no modo como Gabriel saudou a Virgem no Evangelho: ele lhe muda o nome! Não diz "Alegra-te, Maria!”, mas “Alegra-te, Cheia de Graça!”. Cheia de graça, kecharitomene, do verbo charitô, agraciar. "Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça!", "Alegra-te, ó Mar de Graça, ó possuída totalmente pela graça! Em ti, Virgem Maria, não há o mínimo lugar, a mínima brecha para a “des-graça” do pecado!" – É isto que significam as palavras de Gabriel. Podem crer: Deus juntou toda água um dia e chamou de mar; Deus juntou toda graça, outro dia, e a chamou de Maria! 

A Virgem não é dona da graça; ela a recebeu totalmente. A Virgem não é imaculada por seus próprios méritos, mas pelos méritos daquele que, nascido de suas entranhas benditas, venceu a antiga serpente e destruiu o antigo inimigo. Observemos que esta ideia aparece na segunda leitura da Missa desta solenidade. O que diz o apóstolo? O Pai “nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou por intermédio de Jesus Cristo (Ef 1,4s). 

Se todos somos fruto de um sonho eterno de Deus, se todos somos predestinados em Cristo, desde antes da fundação do mundo; se o Senhor conheceu nossos dias antes mesmo que um só deles existisse, pois bem: em Cristo, Deus, o Pai, preservou a Mãe do Seu Filho do pecado, graças ao Seu Filho! Que nossos irmãos protestantes se alegrem conosco pelaImaculada Conceição de Maria: ela é bíblica, ela exalta enormemente a grandeza abundante da graça de Cristo, único Salvador! São Paulo diz que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus”; assim estaria a Virgem sem a graça de Cristo; mas disso foi libertada no primeiro momento de sua existência, graças a Cristo! 

Esta é a beleza desta festa: o triunfo da graça, celebrar a graça de Cristo que age antes mesmo do nascimento histórico de Cristo! Que graça tão grande, que Salvador tão potente, que Deus tão previdente! E para nós, que alegria contemplar o mistério, vislumbrá-lo, mergulhar nele! Hoje, a Virgem foi concebida livre do pecado; hoje, começou a raiar a aurora do dia sem fim; surgiu a puríssima Estrela d’Alva que anuncia o Sol, que é o Cristo, nosso Deus! 

A Igreja, exultante de alegria, tem palavras lindas na celebração litúrgica no dia da Imaculada. No Ofício Divino, ela assim se dirige à Virgem Toda Santa: “Com a vossa Imaculada Conceição, Virgem Maria, um anúncio de alegria percorreu o mundo inteiro” e, mais adiante, no Ofício, continua, admirada: “Toda bela sois, Virgem Maria, sem mancha original! Sois a glória de Sião, a alegria de Israel e a flor da humanidade”. E, imaginando a resposta da Virgem, coloca nos seus lábios estas palavras que ela dirige ao Senhor: “Foi nisto que eu vi, porque vós me escolhestes! Porque não triunfou sobre mim o inimigo, porque vós me escolhestes!” Isso mesmo: mais que ninguém, a Virgem é devedora a Cristo: Ele a escolheu, a preservou, sustentou-a e teve por ela uma predileção inigualável! 

Alegremo-nos nós também! Em Cristo o pecado pode ser vencido! A Conceição Imaculada de Maria é sinal belíssimo desta vitória! Alegremo-nos, porque a Imaculada Conceição de Nossa Senhora é o feliz princípio e o primeiro albor da salvação que o Senhor Jesus nos traz! Bendita seja a cruz de Jesus, que antes de ser fincada no Calvário, já libertou com seus raios a Virgem de todo pecado! A Jesus, fruto bendito, do bendito ventre da bendita Virgem Maria, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa 

NÓS NUNCA ESTAMOS SÓZINHOS

Esta é a grande verdade do Cristianismo: Jesus, que ressuscitou, está no meio de nós. Quero esclarecer bem: esta não é apenas uma maneira de falar, nem simplesmente uma expressão poética. Esta é uma realidade. Até a Ressurreição, Jesus tinha um corpo como o nosso e por isso ocupava um lugar e não podia estar em vários lugares ao mesmo tempo. Mas depois da Ressurreição, com seu corpo, agora glorioso, Jesus pode estar ao mesmo tempo em todos os lugares. Não somente Ele pode estar, mas Ele faz questão de estar com os seus
Quando você está em casa, ocupando-se dos seus afazeres domésticos, o Senhor está com você. Quando você trabalha numa empresa, no comércio, no campo, Ele está ali presente, juntinho com você. Quando você está alegre, Ele se faz presente. Mas quando você está triste e chora, com mais razão ainda, Ele se faz um com você. Ele é o primeiro a se alegrar com os que se alegram e a chorar com os que choram. Mesmo quando você erra e peca, quando você não consegue superar um vício, não consegue se libertar de uma situação que o amarra e escraviza, quando você desobedece e se revolta, Ele está com você. E se entristece com a sua situação... mas Ele permanece ali, juntinho com você, para lhe estender a mão, para lhe dar coragem, para levá-lo à libertação. 
Nós nunca estamos sozinhos. Em toda parte e em qualquer situação, “Ele está no meio de nós” e participa concretamente da nossa vida. 
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova