sábado, 20 de outubro de 2012

A CURA DAS NOSSAS FERIDAS EMOCIONAIS

Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente, e que todo o vosso ser — o espírito, a alma e o corpo — seja guardado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!” (I Ts 5,23)A cura interior, está relacionado com a cura física. Porque, às vezes, nossas mágoas e feridas interiores causam angústia, frustração, falta de ânimo e vontade de reagir diante das dificuldades, causando uma indisposição física.
São Pedro diz, em sua segunda Epístola, sobre as nossas feridas emocionais:
"O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por este meio participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo. Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraterno, e ao amor fraterno a caridade" (II Pd 1,3-7).
A fé nos coloca em um único caminho que pode nos salvar: Jesus Cristo, o Caminho a Verdade e a Vida. Isso aconteceu com muitos doentes que se aproximaram de Jesus e encontraram a cura para as suas enfermidades e a salvação. Não importa o tempo de morte que estamos enfrentado em nosso interior, pois Jesus tem sempre uma solução! Infelizmente, muitas pessoas não conhecem a verdadeira fé e não tem nela o seu fundamento. Por isso, caem no erro de deixar de confiar em Jesus, para confiar nas práticas ocultas, feitas por mãos humanas. 
São Tiago fala a respeito da fé em Deus em sua Carta:“Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro. Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor, pois é um homem irresoluto, inconstante em todo o seu proceder" (Tg 1, 6 -8). Se eu não confio em Deus, em quem eu vou acreditar?
Precisamos ter fé e acreditar que o amor nos leva a união com Deus. Saiba que, quando Deus coloca em nós uma alma, ela vem acompanhada com as virtudes como diz São Paulos aos Gálatas: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5,22-23).
A cura interior é a boa nova de Deus para os povos! O Homem precisa estar em Deus e viver para Deus. O livro do Eclesiástico nos ensina: “No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo; deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado, porque é grande a sabedoria de Deus. Forte e poderoso, ele vê sem cessar todos os homens. Os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, e ele conhece todo o comportamento dos homens.Ele não deu ordem a ninguém para fazer o mal, e a ninguém deu licença para pecar; pois não deseja uma multidão de filhos infiéis e inúteis”  (Eclo 15,14-22).
Do nosso pecado, vem a primeira grande ferida emocional, que se chama-se rejeição. Quando a gente não se sente amado por aqueles que estão ano nosso redor, começamos a nos comparar com elas. Jesus também foi extremamente rejeitado pelo seu povo, mas Ele não deixou que a rejeição destruísse a sua missão. Pelo contrário, Jesus utilizou das virtudes citadas acima para cumprir com sabedoria a sua missão.
A segunda ferida é o complexo de inferioridade, a pessoa começa a nivelar por baixo, se achando pior, e menos capaz que os outros. Esta nos impulsiona a julgar e a condenar as outras pessoas! A nossa cura se da a partir de agora! São Paulos diz em sua carta aos Efésios: “Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras" (Ef 4,22). Deus quer fazer com que você viva uma vida nova a partir de agora! Ele que fazer o novo em sua vida! 
Padre Vagner Baia 

SÓ NO SENHOR ENCONTRAMOS REPOUSO

Todos nós temos necessidade de ter alguém que se comprometa conosco, que abrace a nossa causa, defendendo-nos, ajudando-nos e cuidando de nós. Temos necessidade de ser amados e acolhidos, principalmente nos momentos de dificuldade.
Precisamos tomar consciência de que não estamos sozinhos, porque o próprio Senhor nos prometeu que estará conosco todos os dias da nossa vida, e está sempre ao nosso lado.
É a Ele que devemos recorrer sempre, porque está sempre a nos chamar: “Vinde a mim vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mateus 11, 28-30).
Descansemos em Jesus e deixemo-nos cuidar por Ele. Façamos um ato de entrega de todas as nossas preocupações e inquietações, porque o Senhor sabe como fazer e resolver todas as coisas.
Com confiança, aproximemo-nos do Senhor e oremos incessantemente ao longo deste dia:
Jesus, eu confio em Vós!
Luzia Santiago

AS TREVAS DA DOR


Calvário, caminho cotidiano

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me (Lc 9, 23). O problema da dor é o maior e o mais grave dos que se apresentam ao homem. Quem não vencer a dor não vencerá a vida. Compreendê-la é compreender a própria vida.  
Todos devemos contar com sofrimentos na vida. Não podemos imaginá-la como um sonho cor-de-rosa, não devemos esperar que ela nos cumule de benesses, porque só assim evitaremos grandes decepções. Se alguém anda, constantemente, atrás da felicidade, de “dias melhores e mais belos”, a dor irá apanhá-lo inesperada e desprevenidamente, e parecer-lhe-á mais dura e pesada. Já os pagãos contavam com os sofrimentos e chegavam mesmo a considerar de mau agouro uma felicidade perfeita, que lhes parecia uma afronta aos deuses. Por isso, evitavam um homem demasiado feliz, fugiam dele.

Com o pecado original começou a dor; com ele terminou a primeira felicidade, o jardim de delícias que Deus nos dera. E começou também um processo de atingirmos o céu baseado em Cristo, no qual a dor e a cruz desempenham um papel proeminente. Logo após o pecado original, o Senhor promulgou a lei do sofrimento para o homem (cfr. Gên 3, 17-19) e para a mulher (cfr. Gên 3, 16), e, desde então, nunca mais se interrompeu a cadeia de dores. A nossa vida é uma luta, os seus dias são como os dias de um mercenário (Jó 7,1). A todo homem são dadas tarefas penosas, e um jugo pesado o oprime desde o dia do nascimento até ao da morte.


Um cristão, mais do que qualquer outra pessoa, deve contar sempre e por toda a parte com a cruz e o sofrimento: Meu filho, se tencionas servir o Senhor, [...] prepara-te para a provação (Eclo 2, 1). Aliás, o Divino Mestre esclareceu-nos bem a este respeito: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me" (Lc 9, 23). Não é o servo maior do que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também vos hão de perseguir a vós (Jo 15, 20).

Se pertencêssemos ao mundo, este amar-nos-ia, mas, porque não somos do mundo, odeia-nos (cfr. Jo 15, 19): Sereis odiados por todas as nações (cfr. Mt 24, 9). Os Apóstolos não nos deixam dúvida alguma a este respeito. Segundo São Pedro, somos chamados a suportar dores, não como castigo dos nossos pecados, mas pela nossa boa conduta (1 Pe 2, 19-24). São Paulo diz-nos: Todos os que quiserem viver piedosamente sofrerão perseguição (2 Tim 3, 12).

A experiência e a Sagrada Escritura mostram-nos assim a realidade da dor; daí que esta não nos deva encontrar desprevenidos. Esperar a dor é já uma vantagem que lhe lima as arestas mais duras. A fé diz-nos qual é o sentido e finalidade do sofrimento, e assim achamo-nos perante a vida em condições muito diferentes das daqueles que não gozam da luz da fé. Como é difícil a vida para aqueles que nada sabem da Revelação e por isso não conseguem compreender o sofrimento!

Sem a graça divina, não conseguiremos dominar a dor.
 Cristo salvou-nos, apagou o pecado que clamava contra nós (cfr. Col 2, 13-15; Rom 3, 22-24). Mas cada um de nós tem de levar a cabo os sofrimentos salvadores, com e em Cristo, e colaborar na edificação do Corpo Místico com a dor correspondente à sua posição (cfr. Ef 4, 12-16). Por meio da nossa união com Cristo, podemos interceder, expiando, por membros imprevidentes ou mesmo mortos.
Richard Gräf 

AMIZADE : CAMINHO PARA DEUS

Ser amigo implica querer que o outro seja amigo de Cristo

A amizade é o melhor bem humano. Vale mais que as riquezas, o poder, a ciência ou as honras. A amizade é o amor que se tem por uma pessoa em razão dela mesma, do que ela é, independente das vantagens ou desvantagens que ela possa nos proporcionar. Além disso, a amizade é o caminho para chegar a Deus.
Ser amigo é relação e também virtude que consiste na firme vontade de querer e procurar o bem do outro. A amizade acontece quando duas pessoas querem e procuram, reciprocamente, o bem do outro. Para ter amigos, para estabelecer relações de amizade, é necessário, primeiro, adquirir a virtude da amizade.
Hoje, costuma-se usar a palavra amizade somente no que diz respeito às relações que se têm com pessoas que não são da família, mas este é um conceito limitado. O amor da amizade é, pelo contrário, o amor que caracteriza a vida familiar, na qual as pessoas convivem e se amam por si mesmas. A família se constitui a partir da amizade conjugal, porque implica o compromisso recíproco de procurar o bem integral do outro por toda a vida. A vida familiar dá lugar às outras relações de amizade, algumas entre desiguais, como a amizade paterna ou a amizade filial, e outra entre iguais, como a amizade fraternal.
A amizade com pessoas que não são da família tem a mesma essência que a amizade familiar. Os amigos querem e procuram o bem do amigo, a quem consideram valioso por si mesmo, por ser quem são, independentemente de qualquer utilidade ou vantagem que possa proporcionar.
Quem tem fé em Cristo e sabe que Ele é o amigo por excelência, Aquele que quer e procura o nosso bem mais do que ninguém, mais que nós mesmos. Jesus deu sua vida por todos nós, a fim de que todos possamos alcançar a felicidade eterna. Queira, naturalmente, que seus amigos sejam também amigos de Cristo. Por isso, para um cristão ser amigo implica querer que o outro também seja amigo do Senhor.
Esse é o apostolado da amizade que ensinou São Josemaria Escrivá. Não se trata de ganhar adeptos nem de crescimento de um grupo, muito menos de manipular as pessoas para que sirvam a fins políticos, econômicos ou de qualquer outra natureza. Ser apóstolo, ensinava ele, é ser amigo primeiro de Cristo e, em seguida, de todas as pessoas com quem convive: familiares, amigos da escola, companheiros de trabalho, clientes, fornecedores, vizinhos, sócios e, em geral, qualquer pessoa com quem ele conviva. Àqueles amigos que queremos bem, convidamos e ajudamos para que sejam amigos de Cristo. Se o amigo recusa o convite, a amizade permanece, porque o amigo é querido por si mesmo, mas se aceita o convite, então a amizade se fortalece, porque ambos são amigos do Amigo.
Termino com umas palavras que o Papa Bento XVI dirigiu a um numeroso grupo de jovens, em Roma, durante o Congresso Universitário - UNIV, em abril de 2006: “quem descobriu a Cristo não pode deixar de levar os demais até Ele, uma vez que não é possível guardar para si uma grande alegria sem comunicá-la. Esta é a tarefa a que os chama o Senhor, este é o 'apostolado da amizade' que São Josemaria descreve como 'amizade pessoal’, sacrificada, sincera, de tu a tu, de coração a coração”. Todo cristão está convidado a ser amigo de Deus e, com Sua graça, atrair para Ele seus próprios amigos. O amor apostólico converte-se, deste modo, em uma autêntica paixão que se expressa comunicando aos demais a felicidade que se encontra em Jesus”.
Jorge Adame Goddard