sexta-feira, 19 de outubro de 2012

POR QUE O SILENCIO ?

O intercâmbio entre religião e ciência é iluminador

Há sete anos atrás, desencadeou-se uma luta feroz, em todo o planeta terra, por causa das células-tronco. De repente alguns cientistas quiseram ver, nas células embrionárias, a solução universal de todos os problemas de saúde da humanidade. Por serem pluripotentes, tais células poderiam ser transformadas em tecido muscular, nervoso, ósseo...
Antevia-se a cura, desde os problemas de dores na coluna, até a superação do mal de Alzheimer e a cura do câncer. Houve empresas que viram descortinar-se um horizonte sorridente, de panacéia geral. Tudo mal esclarecido e sem garantias. Empataram todas as fichas numa mera hipótese, sem a mínima comprovação. Tais empresas, já prelibando o sucesso de tal empreendimento, empataram centenas de bilhões de dólares. 
Arriscaram tudo. Formaram um grupo aguerrido, cuja missão era denunciar os retrógrados, e os inimigos da ciência. Entre tais inimigos, é claro, estava na linha de frente a Igreja Católica, que classificava tal iniciativa como matança de seres humanos em fase inicial de vida. Essa luta não foi mansa. Fomos apresentados à humanidade como ignorantes, que travam o legítimo progresso. Tais opositores julgavam, no entanto, a sua causa simpática.
É bom que se diga, a moral cristã sempre aprovou o uso de células-tronco, existentes no cordão umbilical, na medula óssea, e outros locais. Seu uso não comporta matança de seres humanos, mas apenas o uso de células. Mas agora as coisas mudaram totalmente. O cientista japonês Shinya Yamanaka e John Gurdon (inglês) receberam o prêmio Nobel de Medicina, por terem descoberto que células maduras podem ser reprogramadas para pluripotentes. Tal procedimento está livre de efeitos negativos, e não há mais matança de embriões humanos. 
Os que se arvoraram em nossos juízes, caíram em frustração total. Esse novo caminho responde aos anseios da humanidade, sem ferir nenhum princípio moral. A gente esperaria desse grupo belicoso um pedido de desculpas, ou o reconhecimento que a sua posição é arcaica, e deve ser substituída. É bom que todos saibam que o intercâmbio entre religião e ciência é iluminador. Sua influência deve ser recíproca, em benefício da humanidade
Dom Aloísio Roque Oppermann scj

A VIDA COM SABEDORIA

Alguns valores são fundamentais para a história de nossa vida. Entre eles citamos o dom da sabedoria, que vem do alto, de Deus. A sabedoria divina, para ser praticada, exige de nós renúncias, que a cultura atual, muito marcada pelo modelo consumista e capitalista, não está disposta a assumir. Isto supõe coragem e desprendimento da pessoa.

Ser sábio é contrapor à ideologia de dominação, de perseguição e de oportunismo para conseguir poder e prazer, podendo desfrutar dos bens gananciosamente, perseguindo as práticas do justo. As atitudes de autossuficiência excluem o valor da sabedoria divina, colocando toda sua força naquilo que é realização sem apresença de Deus. 

A vida assumida com sabedoria faz a pessoa ser justa e a reconhecer a Deus como Pai. Sabe que sua existência não está resumida apenas no gozo do momento, mas tem uma dimensão de eternidade, de felicidade duradoura no seio do Criador. Esta foi a sabedoria pedida por Salomão, rei de grande sabedoria, mas que conseguir reconhecer sua humanidade, submissa aos princípios divinos.
A sabedoria está acima do poder e da riqueza. Ela é mãe e mestra das coisas, capaz de proporcionar equilíbrio no nosso agir e no valor que damos às realidades. Seu brilho faz com que reconheçamos, com mais precisão, o que é valor absoluto e o que é relativo, trazendo serenidade no agir. Sábio é quem consegue enxergar no mudo prático a presença das forças divinas e as valoriza.

Para o profeta Isaías, a verdadeira sabedoria é dom de Deus, acompanhada por outros dons que a fortalecem. Destacamos a inteligência, o conselho, a fortaleza, a capacidade de conhecimento, o temor do Senhor e o espírito com que tudo isto é colocado em prática (Is 11, 2). Toda esta riqueza supõe um coração sensível, simples, autêntico e aberto para essas realidades.

O acúmulo nunca é bênção de Deus, portanto não é expressão de sabedoria. Ele tira a condição de liberdade, sabedoria e justiça. Não passa de atitude egoísta, contrária à relação de justiça e fraternidade. Temos que vencer o empecilho, o apego aos bens materiais.
Dom Paulo Mendes Peixoto

CURE, SENHOR , MEU CORAÇÃO ENDURECIDO

Os fariseus criticam Jesus por tudo: por conta do jejum, das companhias, por Ele e os discípulos pegarem espigas de trigo e também pelo Senhor operar curas num sábado. Para eles era pecado fazer muitas coisas nesse dia. 

O Evangelho mostra Jesus na sinagoga com os escribas. Estes estavam atentos para ver se o Senhor iria curar alguém num dia de sábado. Percebendo o que eles estavam pensando, Cristo os provoca e chama aquele homem enfermo (cf. Marcos 3, 1-12) para o meio da sinagoga e lhe pede que estenda a mão e, imediatamente, esta fica curada. Percebendo que todos O condenavam, o Senhor fica cheio de ira e de tristeza por ver a dureza do coração deles. 

Assim, não sabemos quem era mais doente: se o homem da mão seca ou aqueles escribas, fariseus, doutores da Lei, pessoas que ensinavam e conduziam o povo dentro dos caminhos de Deus. Qual doença era pior: uma mão entrevada ou um coração endurecido? 

Meus irmãos, hoje é o dia em que Jesus quer operar as duas curas. Pois os sofrimentos, principalmente a nossa má vontade, a nossa pouca fé e os nossos pecados vão endurecendo os nossos corações. Por descuido, ressentimentos, decepções, maldades, raivas, rancores cultivados e vingança, nós acabamos ficando com o coração endurecido, e isso, muitas vezes, se reflete no físico. Mas o Senhor quer nos curar. Basta abrirmos o coração e deixarmos de agir como os fariseus.

Reze comigo: "O Senhor quer curar o meu coração endurecido. Eu preciso, Senhor. Talvez eu nem tenha percebido até hoje como o meu coração estava insensível. Cura, Senhor, o meu coração endurecido". 

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

JESUS QUER ACENDER EM NÓS A CHAMA DA MISÉRICORDIA



Diante de todas as discussões com os fariseus, Jesus foi misericordioso com eles, porque queria a salvação deles também. É assim que devemos olhar os outros, seja quem for, porque para Deus não há “lata de lixo”, não há “sucata”, todos são filhos d'Ele e é assim que Ele os trata, por mais errado que Seus filhos andem. 

Às vezes, desesperamo-nos dizendo que temos rezado tanto, mas, justamente na nossa situação, Deus não se manifesta, de forma que nós desanimamos, pensando que é Ele quem age assim. Mas o Senhor não age conosco como se fôssemos marionetes, Ele nos fez livres e só assim podemos amá-Lo e ter a vida eterna. Sem liberdade não existe amor; e se as pessoas não se deixam tocar, é porque estão se fechando. 

São Paulo se expressa dessa forma: "Foi com muita ternura que nos expressamos a vós como uma mãe que acalenta os seus filhinhos" (1Ts 2,7). É assim que acontece o processo de conversão. Temos de aprender que é desta forma que precisamos levar o Evangelho da salvação aos nossos irmãos. Se não for pela misericórdia, as pessoas não vão mudar. 
O mundo foi sendo tomado de tal maneira pela iniquidade, a qual foi nos envolvendo, de modo que se criou um clima. Por causa dessa situação, Deus escolheu para a nossa geração a misericórdia. Ele é o Pai das misericórdias. Nós [Canção Nova] queremos construir uma igreja para Ele, porque somos chamados a usar de misericórdia com os outros. Você precisa amar o seu filho, seu irmão, seu pai, seja quem for que esteja no caminho errado. Como é duro amar uma pessoa assim! Mas é preciso buscar entranhas de misericórdia para amá-la. 

Talvez você esteja muito machucado com as situações, mas, mesmo assim, precisa ter gestos de amor. Quantas pessoas tão próximas de nós precisam ser transformadas! É por isso que usar de amor e misericórdia não significa cruzar os braços, mas agir cheios de ternura, como diz São Paulo. Nesse processo, muitas vezes, o necessário não é falar, mas calar. Claro que é preciso discernimento, mas veja por você mesmo: ninguém aguenta uma pessoa falando na sua cabeça. É assim o processo de conversão. 

Temos de ficar ativos, fazer de tudo, mas talvez já tenhamos falado demais, por isso é hora de calar e encher-se de esperança, de gestos de amor e carinho. Deus nos dá inspiração e criatividade para agirmos com essas pessoas que precisam de conversão. É preciso orar sem cessar. Se é preciso dar a vida, todo o restante é menos no processo de conversão das pessoas que amamos e precisamos ver transformadas. Não há amor maior do que dar a vida.

"Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida; a tal ponto chegou a nossa afeição por vós" (1Ts 2,8). 

Estou pedindo ao Senhor para que Ele remexa em nossa vida e que, bondosamente, faça reacender em nós a chama do amor, da ternura e do carinho para que tratemos assim as pessoas que precisamos levar à conversão. 

É isso o que estamos pedindo, Senhor: que passemos da vontade para os atos. Reacenda em nós o dom da oração para que rezemos sem cessar, mesmo sem ver sinais de mudança. Assim como o Senhor nos concedeu a graça da conversão, queremos usar de amor, queremos orar, queremos pedir e insistir para que aquilo que o Senhor quer venha a acontecer. Pai das misericórdias, venha em nosso socorro. Amém.
Monsenhor Jonas Abib

ACOLHER A PALAVRA DE DEUS

Como a Palavra de Deus se torna vida em nós?

Como acolher a Palavra de Deus? Como viver uma vida nova? Estas são questões fundamentais para todos os cristãos, pois a Palavra de Deus se fez carne em Jesus Cristo, para que por Ele tenhamos a vida. Somente em Jesus temos uma vida nova, segundo o Espírito; mas como acolher essa vida em nós?
Jesus nos fala, neste versículo do Evangelho de João (cf. Jo 6, 63), sobre uma realidade fundamental de nossa fé. A Sua Palavra é para nós espírito e vida, porém, não uma vida no sentido da carne, da existência biológica, mas a vida segundo o Espírito. Existe um dinamismo para que a Palavra de Deus realize a Sua obra em nós. Esta se realiza segundo o dom do Espírito Santo, que é concedido pelo Pai aos que creem. Temos de acolher os textos bíblicos com o dom da fé que já foi infundido em nós pelo Senhor, para nos encontrar com Cristo, Palavra eterna do Pai.
Tal dinamismo da ação divina aconteceu de forma única na anunciação da encarnação do Verbo, quando o Anjo apareceu a Virgem Maria e lhe revelou o desígnio divino a seu respeito. Ele anunciou que ela seria Mãe do Filho de Deus e que Ele se chamaria Jesus (cf. Lc 1,31-32). Nossa Senhora tinha fé, mas não compreendeu completamente o anúncio do Anjo. Mesmo assim, ela acolheu o desígnio salvífico do Senhor para si, mas também para toda a humanidade. Quando ela acolheu a Palavra, o Verbo de Deus, o Pai enviou o Seu Espírito e esse Verbo se faz carne no ventre de Maria.
O primeiro passo para acolher a Palavra é acreditar, ter fé e acolher o desígnio de Deus a nosso respeito. Ainda que não saibamos como serão todas as coisas, assim como aconteceu com a Virgem Maria, acolhamos Jesus Cristo em nossas vidas. Quando O acolhemos, o Espírito nos dá a vida; não segundo a carne, mas a vida segundo o Espírito. Essa é a vida do próprio Cristo, que é gerada em nós, no ventre de Maria, pela ação do Espírito Santo.
O segundo passo é este que acabamos de mencionar, ou seja, acolher Nossa Senhora em nossas vidas. Foi Maria quem gerou o Verbo de Deus e é ela quem vai gerar a Palavra em nós. É a Virgem Maria, pela ação do Espírito Santo, quem vai gerar a carne de Jesus Cristo em nós. Esta é a vida que o Pai quer nos dar, a vida de Seu Filho Jesus Cristo, que se realiza em nós pelo Espírito Santo.
A Palavra de Deus se realiza em nós do mesmo modo que aconteceu na Encarnação de Jesus, ou seja, no ventre da Virgem Maria. Por isso, nos unamos a Nossa Senhora em oração, como os discípulos e apóstolos de Jesus depois da Sua Ascensão (cf. At 1,14), para que aconteça um novo Pentecostes em nossas vidas (cf. At 2,1-13). Foi a partir do Pentecostes que a Palavra recebida pelos apóstolos e discípulos tornou-se vida e, pela força do Espírito Santo, eles puderam anunciar, com intrepidez, a Boa Nova da salvação em Jesus Cristo.
Natalino Ueda - Comunidade Canção Nova