sábado, 24 de março de 2012

O SEGREDO DA PACIÊNCIA

Aprenda a cultivar este dom

“Vale mais ter paciência do que ser valente; é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras” (Provérbios 16,32).
Um dos sentimentos mais perturbadores da atualidade tem nome: impaciência! A falta de paciência tem feito com que muitas pessoas se desesperem quando entram em contato com esta realidade na vida. Muitos conflitos, raivas e mágoas têm ganhado vida devido à impaciência. Mas o que desencadeia esse sentimento? Como podemos exercitar a paciência em nossa vida? Como controlar a falta dessa virtude? Quais os segredos para ser paciente?
Paciência é uma virtude. Poderíamos defini-la como a capacidade de autocontrole diante de inúmeras realidades que ultrapassam os nossos limites emocionais, sociais e espirituais. 

A falta de paciência nasce na vida em função de inúmeros fatores. Fato é que a paciência faz parte do nosso processo humano. Há dias em que acordamos sem essa virtude. As dificuldades começam a se agravar quando a impaciência começa a ocupar grande parcela de nossos pensamentos e, como consequência disso, desestrutura nossa relação com o próximo, com nós mesmos e também com Deus. 
Quando o nível de impaciência adquire espaços indevidos em nossa vida, entramos em um campo complexo que necessita de reflexão e, que, na maioria das vezes, exige mudança de atitudes em relação ao que nos rouba a paz interior. Muitos dizem que não têm paciência, mas quando são questionados sobre o que lhes tira a paciência não sabem responder. Quando esta resposta não é clara temos um quadro bastante complexo e que precisa ser analisado tanto na área humana quanto na espiritual. Geralmente quando definimos um sentimento que nos incomoda e não sabemos de onde ele surge, estamos diante de uma realidade que não conhecemos, ou talvez por medo não queiramos entrar em contato com ela. O medo das próprias sombras nos impede de alcançar a luz que ilumina as nossas mais profundas realidades sombrias. 
Nem sempre é fácil aceitar o diferente. E esta é uma das realidades que mais roubam a paz de muitas pessoas. Na maioria das vezes desejamos que o outro seja como nós, pense, sinta e veja  o mundo a partir dos nossos olhares. As relações interpessoais estão marcadas pela falta de paciência com o diferente. Muitos casais, após um tempo de namoro ou de casamento, acabam descobrindo que o namorado ou marido, ou a esposa ou a namorada, é uma pessoa diferente daquilo que imaginavam. Quando isso acontece surgem os conflitos internos que desencadeiam, muitas vezes, sérios desentendimentos conjugais e de relacionamento. 
Muitos processos de namoro idealizam o outro como o protótipo da perfeição. Imaginam que estão diante de um ser humano perfeito. Quando este mito da perfeição começa a ser desconstruído surge a decepção, a tristeza e a desilusão. Nem sempre é fácil aceitar que durante muito tempo se conviveu com alguém que não era tão perfeito como antes se havia imaginado. Geralmente, quando isso acontece, muitos casais se defrontam com uma verdade com a qual até o momento não haviam tido contato. Superar a ilusão que foi criada e aceitar que o outro não é tão perfeito como se havia imaginado é um processo, muitas vezes, doloroso e que só é superado com muita compreensão e paciência.

Essa falta de paciência se reflete também em muitas famílias. Pais se desentendem com os filhos quando entram em contato com a realidade familiar e descobrem que estes não estão correspondendo ao que um dia lhes fora ensinado. Este fato tem causado muitos desajustes em inúmeras famílias. Durante a infância, os genitores os educaram com a melhor das intenções e procuravam levá-los à igreja; e acreditavam sinceramente que estes iriam seguir os passos que um dia lhes fora ensinado. Mas a adolescência chega e os filhos já não querem ir mais à Santa Missa, não obedecem tanto quanto antes obedeciam. Muitos se tornam rebeldes. Como enfrentar esta situação de desajuste nas relações familiares?
O princípio da paciência é fundamental. Nem sempre é fácil para os pais aceitarem que seus filhos, muitas vezes, não vão seguir tudo aquilo que eles ensinaram. Muitos genitores, quando se defrontam com esta realidade, entram em crise e tentam pela força obrigá-los a fazer o que lhes fora ensinado um dia. A experiência mostra que forçar o outro a fazer aquilo que desejamos provoca muitas confusões e desajustes no lar. Na maioria das vezes a rebeldia dos filhos em não querer ir à igreja é uma maneira camuflada de enfrentarem e dizerem aos pais: “Agora quem manda na minha vida sou eu!”.  A oração é fundamental para quem enfrenta situações desse tipo.

No diálogo com Deus encontramos sabedoria para enfrentar situações complicadas e de difícil solução. Contudo, é preciso que os pais procurem conhecer os filhos e o momento que eles estão vivendo. O diálogo em família é fundamental. Mas sempre vale lembrar que a abertura para os filhos começa desde a infância destes. O que não foi construído no tempo dificilmente será construído na pressa. Quem nunca conseguiu se aproximar dos filhos quando estes eram pequenos dificilmente vai conseguir fazê-lo na adolescência destes.
Se a relação de impaciência dos pais com os filhos pode ser conflitiva, o mesmo acontece em relação aos filhos com os pais.  Nem sempre estes conseguem compreender as “cobranças” dos genitores. Interessante notar que muitos adolescentes querem que seus pais compreendam o mundo no qual estão vivendo atualmente. Esta tentativa nem sempre é frutífera, pois os pais viveram em épocas diferentes das quais os adolescentes e jovens vivem hoje. Tiveram uma educação diferente, de acordo com a época na qual viviam. Os filhos, portanto, precisam desenvolver este olhar compreensivo em relação aos pais. Tudo isso faz parte da bagagem humana e espiritual destes [pais]. Sempre será preciso que haja compreensão e paciência de ambas as partes para que o respeito e o diálogo possam ser exercidos. O olhar de compreensão é fundamental nas relações familiares. Quando este olhar é descuidado, a paciência cede lugar aos conflitos e desentendimentos.
Muitos funcionários vivem à beira de um ataque de nervos na empresa em que trabalham. Diante de uma variedade enorme de diferentes formas de pensar, por vezes a falta de paciência acaba lhes roubando a paz do ambiente profissional. Nas relações empresariais a impaciência pode ser um dos sentimentos que predominam em quase todos aqueles que convivem diariamente e dividem o mesmo espaço durante todo um ano. O jeito de ser do outro pode causar sérias irritações em todos ou em alguém especificamente. Geralmente, todos desejam que todos sejam iguais. Quando esta postura é adotada pelos funcionários as divergências começam a surgir. O patrão gostaria que o secretário fosse tão ágil no pensamento como ele o é. O secretário acredita que o contador deveria ser tão simpático quanto ele o é. O contador, por sua vez, pensa que a cozinheira deveria ser tão organizada como ele o é... Na maioria das vezes sempre exigimos que o outro seja como somos. Quando essa realidade se apresenta estamos diante de um sério conflito de impaciência nas relações interpessoais que atingem diversos funcionários.
A impaciência nas empresas surge muitas vezes de conflitos pessoais mal resolvidos. Muitos projetam suas sombras em outras pessoas. E quando isso acontece o que eles veem de negativo no outro são suas próprias realidades negativas que não foram trabalhadas. Outros passam a vida distribuindo suas sombras interiores para seus colegas de trabalho. Outros ainda nunca tiram férias, pois se ficarem um tempo maior sem suas sombras projetadas, entrarão em desespero, pois terão que enfrentar seu lado sombrio. Sempre será mais fácil projetar no outro aquilo que não temos coragem de enfrentar em nós.
Outros, ao longo da vida, desejam que todos caminhem no seu ritmo espiritual. A vida é como um jardim com muitas flores. Algumas estão nascendo, outras começaram a crescer, algumas estão com botões, outras já estão florindo. A impaciência no campo espiritual faz com que pensemos que todos estão no mesmo processo que o nosso. E a realidade mostra que não é bem assim. Cada pessoa está em uma etapa no processo de amadurecimento espiritual. Alguns estão bem adiantados na caminhada, outros estão engatinhando, outros ainda estão descobrindo o que é a fé. Cada pessoa exige um ritmo próprio de caminhar. Saber respeitar o tempo de cada um é sabedoria que nasce de um profundo relacionamento com Deus e com o próximo. Corremos o risco de exigir que o outro pule etapas em seu processo de amadurecimento espiritual. Quando isso acontece muitos se sentem sufocados, pois não lhes foi permitido percorrer o processo necessário de amadurecimento na fé com paciência. Imagine o que seria da primavera se o outono não cumprisse seu tempo? A primavera é um processo de estações. O amadurecimento espiritual é um processo de paciência que nasce de um olhar de respeito diante do tempo de cada ser humano.
Inúmeras comunidades vivem em profundas crises pela impaciência entre seus membros. O diferente sempre é motivo de questionamentos e incompreensões. Diante daquele que pensa de maneira diferente muitos acabam se colocando na defensiva. Talvez, a paciência necessária nas relações comunitárias poderia fazer com que todos aprendessem com quem pensa diferente da maioria. O outro nunca deve ser visto como opositor. Quando o jeito de ser do outro nos questiona e nos retira de nossas seguranças é chegado o momento de refletir e descobrir novos caminhos para criar relações de paz. Não será excluindo quem pensa diferente da maioria que chegaremos a algum lugar. A diferença do outro é motivo para crescer sempre em comunidade de fé. Os discípulos de Cristo não eram iguais entre si. Cada um tinha um estilo de ser. E foram essas diferenças que deram origem às primeiras comunidades cristãs. Jesus sabia que, com a paciência, seria possível compreender a cada um sem excluir ninguém do Seu plano de amor.
O excesso de impaciência na vida pode ser fruto da falta de paciência consigo mesmo. Muitas pessoas não conseguem ter paciência com elas mesmas. Muitas vivem reféns do passado. Algemaram em seu coração situações tristes: raiva, mágoas, falta de perdão. Hoje não conseguem ter uma vida de paz. Não se reconciliaram com o que passou e dão vida no presente ao que nunca mais voltará. Quem faz esse processo, muitas vezes doentio, perde a oportunidade de reescrever seu presente com tonalidades de esperança. Ter consciência dos processos que aprisionam o presente ao passado pode ser fonte libertadora para dar início a uma nova vida. Reconciliar-se com as próprias sombras é apenas o início de uma caminhada que não tem data marcada para terminar.

Diante de todos aqueles que estavam aprisionados pelos sofrimentos passados, Jesus não condenou, apenas olhou com esperança diante das páginas da vida que cada um deveria escrever. O olhar de possibilidades de Cristo devolveu a cada um a paciência necessária para recomeçar uma nova história.
Em um tempo no qual poucos tinham paciência com o pecador, Jesus iluminou com um olhar de acolhida o coração de todos aqueles que faziam da impaciência uma lei para julgar quem era diferente. Enquanto muitos paravam nos erros, Cristo caminhava pela história de cada pessoa e adentrava no coração de cada uma. O olhar de Cristo Ressuscitado nos ensina hoje o caminho para a prática da paciência no cotidiano da vida. Ver além das aparências, acolhendo a quem pensa diferente, é um caminho para descobrirmos os segredos da paciência.
O cultivo da paciência é um exercício diário. Muitas vezes, o processo da paciência em nós é lento. Mas nem por isso devemos desanimar. Deus é extremamente paciente com as nossas limitações, erros, egoísmos, mentiras. Será cultivando a paciência no jardim de nossa alma que colheremos flores de bondade e tolerância. A paciência somente será construída no meio de nós quando Jesus for nosso modelo de amor para com todos
Padre Flávio Sobreiro

O SENHOR TEM CONTROLE DE TODAS AS SITUAÇÕES



Vivemos cercados de problemas econômicos, sociais, familiares, no emprego, na comunidade. Reconhecemos que há muitos erros. Qual deve ser a nossa atitude? Murmurar e falar mal? Ficar abatido, triste e entrar em desespero? Deixar tudo? Não! "Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo".

Isso não é alienação, porque sabemos que o Senhor tem nas mãos o controle de todas as situações. Se ficamos apenas temerosos – “Ai, meu Deus do céu! O que vai acontecer agora com esse falatório que está se levantando, com esse escândalo. O que acontecerá?” –, nossos temores se realizam e aquilo que tememos acaba atingindo nosso grupo, nossa comunidade, nossa paróquia! De forma contrária, devemos: “Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”.

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

ENFRENTANDO A SOLIDÃO DA ALMA

Quem nunca foi surpreendido por um apagão? Você está assistindo TV, ouvindo rádio, trabalhando… De repente, tudo se apaga e você se depara com a escuridão.
Muitas vezes na vida também somos surpreendidos por um momento de trevas que invade a nossa vida sem avisar e, assim como o apagão, nos assusta e nos faz perder o pique e a força para continuar. Mas, assim como na ocasião do apagão, podemos fazer algo e tentar enfrentar a noite escura sem perder a esperança.
Normalmente, nossa primeira atitude diante do apagão é ligar para companhia de luz e também de tentar encontrar uma vela para trazer um pouco de claridade, pelo menos para nos sentirmos um pouco mais seguros.
No momento de trevas, nós também podemos “ligar” e pedir, por meio da oração, o auxílio d’Aquele que possui a luz. À Ele podemos pedir o socorro e aguardar que Jesus nos envie ajuda. Talvez, como no caso da companhia elétrica, demore um pouco, mas a luz sempre volta a brilhar.A vela que podemos acender para iluminar nossa alma, até que a luz verdadeiramente brilhe em nosso coração, é a Palavra de Deus, fonte de esperança, de amor e segurança. Nela existe o combustível para reacender a chama da fé em nós.
Lembro-me de que quando eu era criança junto com meus irmãos; nós sempre encontrávamos um jeito de nos descontrairmos naquele momento de escuridão. Brincávamos com a luz da vela fazendo sombras na parede, contávamos histórias e brincávamos de esconder. O que me faz recordar a passagem que Jesus fala sobre ter um coração de criança, humilde, confiante e capaz de superar as próprias tristezas e reencontrar a alegria através de pequenos gestos.
Talvez, diante de você já se tenham apagado muitas luzes e já não existam razões para crer que a luz voltará a brilhar, mas não se dê por vencido, pois o Senhor virá e não tardará. Jesus prepara uma grande libertação para sua vida. Tenha a coragem de acender a vela e voltar à oração. Quando você menos esperar, a luz voltará e, assim como acontece em Minas Gerais, você poderá gritar de alegria ao se perceber iluminado. É bem comum, em nosso Estado, ouvirmos um grande grito quando volta a energia: “Aeeeeeee!”. Sua hora de gritar chegará, tenha fé!
Alan Ribeiro
Ministério Bethânia