domingo, 5 de fevereiro de 2012

COM FÉ É POSSÍVEL ENFRENTAR QUALQUER DOENÇA


Arquivo / AP
'Mesmo diante da morte, a fé pode tornar possível aquilo que humanamente é impossível', destacou o Papa no Angelus deste domingo
O Evangelho deste domingo (Mc 1,29-39) apresenta Jesus que cura os doentes, e na proclamação do Angelus, da janela de seus escritório, o Papa Bento XVI salientou os fiéis reunidos na Praça de São Pedro, que com a fé no Amor de Deus é possível enfrentar qualquer doença. 
“Mesmo diante da morte, a fé pode tornar possível aquilo que humanamente é impossível. Mas fé em quê? No amor de Deus, eis a verdadeira resposta que derrota radicalmente o Mal”, destacou o Pontífice, neste domingo, 5.
Bento XVI ressaltou que assim como Jesus enfrentou o Maligno com a força do amor que vinha do Pai, assim também os fiéis podem enfrentar e vencer a provação da doença tendo o coração mergulhado no amor de Deus.
 “Todos nós conhecemos pessoas que suportaram sofrimentos terríveis porque Deus dava a elas uma serenidade profunda. Penso no exemplo recente da beata Chiara Badano, atingida, na flor de sua juventude, por uma doença sem cura; quantos lhe faziam visitas e recebiam dela luz e confiança!”, salientou o Santo Padre.
O Papa reforçou que na enfermidade todos precisam de calor humano e para confortar uma pessoa doente, mais que palavras, conta a proximidade sincera.



NOSSO CAMINHO É A SANTIDADE

            


"Vós, portanto, sereis perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste" (Mt 5,48).

Nosso caminho é a santidade. Fomos criados à imagem de Deus. Precisamos ter a cara do Pai. Essa é a obra do Espírito Santo em nós. Se você guardar um frasco de perfume vazio e, depois de algum tempo, abri-lo, sentirá ainda a fragrância, pois o frasco ficou impregnado com o aroma.

É por isso que o Senhor nos encheu com o Espírito Santo, para nos impregnar da santidade de Deus. Não é a nossa santidade, nem a nossa perfeição, mas a do Senhor. Ele tem o direito de nos impregnar da Sua santidade e perfeição. É preciso dar a Deus o direito de ser Deus em nós.

Deus Pai tem o direito de nos transformar à Sua imagem. Ele nos deu o Espírito Santo para colocar em nós a Sua santidade. Por isso é preciso sermos renovados pela transformação espiritual de nossa inteligência e renunciarmos ao conceito errado de que não merecemos ser santos; que não somos dignos, que isso não é para nós, que não somos capazes. Precisamos cumprir Sua ordem: Sede santos, pois eu sou santo.

"Ou Santos ou nada!"

Isso parece algo impossível, mas, ao contrário, no momento em que você permite, a graça acontece. No mundo espiritual é fácil ser santo. Tão fácil quanto conceber um filho. É deixar Deus, pelo Seu Espírito, injetar em nós Sua santidade. Ou renovamos, sem cessar, os sentimentos da nossa alma e assumimos: Quero ser santo, como quem rema contra a correnteza deste mundo corrompido, lutando cada dia para alcançar a santidade, ou somos levados pela enxurrada desse rio sujo e poluído. Para isso precisamos viver o ou santos ou nada.
Monsenhor Jonas Abib

COMO SUPORTAR A PROVA?



Como suportar a prova? Pela sinceridade total diante do Senhor. A palavra sincero vem de “sem cera”. Os antigos gregos e romanos faziam um teatro bem semelhante ao teatro moderno: uma mesma pessoa acabava fazendo vários personagens. Trocavam de personagens apenas trocando as “máscaras”, que eram feitas de cera.
“Sem cera” quer dizer “sem máscara”, sem representação. Não podemos representar diante de Deus, precisamos ser sinceros! Temos de ser verdadeiros diante do Senhor, até mesmo em nossas fraquezas. São Paulo nos diz isso de maneira linda:
“Portanto eu me comprazo nas fraquezas, nos insultos, nos constrangimentos, nas perseguições e nas angústias por Cristo! Pois quando sou fraco, então é que sou forte” (II Cor 12,10).
Deus é forte em você, por isso Ele o faz forte. Não tenha medo de ser sincero diante do Senhor, de confessar-lhe os pecados mais secretos. Não tenha medo do pecado, e sim de não ser sincero diante do Altíssimo.

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

O ENCONTRO COM A PALAVRA É UM DOM DE DEUS

A semente que germina e cresce por si mesma exprime a ação de Deus que comunica amor e vida a todos, suplantando os poderosos deste mundo que semeiam a fome e a morte. A segunda parábola, da inexpressiva semente que se transforma em uma árvore acolhedora dos pássaros, exprime que a fé dos discípulos, desprezível diante do mundo, pode gerar o mundo novo de fraternidade e paz. A prática e o ensino de Jesus são caminho e luz.
Marcos mostra Jesus como Mestre do Reino ensinando às multidões na barca de Pedro (4,1). Seu ensino é na base de parábolas ou exemplos. A parábola é uma narração que, sob o aspecto de uma comparação, está destinada a ilustrar o sentido de um ensino religioso. Quando todos os detalhes têm um sentido e significado real, ela [parábola] se transforma em alegoria. Como em João 10,1-16, no caso do Bom Pastor.
No Antigo Testamento as parábolas são escassas, um exemplo é 2 Sm 12,1-4 em que Natã dá a conhecer seu crime a Davi. Porém, no Novo Testamento Jesus usa frequentemente as parábolas especialmente como parte de seu ensino do Reino dos Céus, para iluminar certos aspectos do dele.
No dia de hoje temos duas pequenas parábolas, a primeira própria de Marcos e a segunda compartilhada por Mateus (13,21ss) e Lucas (13,18ss).
Na parábola da semente, Jesus indica que o Reino tem uma força intrínseca que independe dos trabalhadores. Na segunda parábola, Ele indica que o Reino, minúsculo no tempo de Cristo, expandir-se-á de modo a se estender pelo mundo inteiro. Vejamos versículo por versículo as palavras de Jesus.
E dizia: “Assim é o Reino do Deus, como se um homem lançasse a semente sobre a terra” (v. 26). Que significa “Reino de Deus”? No Antigo Testamento Javé, o Deus de Israel, era o verdadeiro Rei e Seu Reino abrangia todo o universo. Os juízes eram praticamente os Seus representantes. Por isso, o Seu profeta Samuel, último juiz, escutou estas palavras: “Não é a ti que te rejeitam, mas a mim, porque não querem mais que eu reine sobre eles” (I Sm 8,7). A partir de Davi, o Reino de Deus tem como representante um rei humano, mas a experiência terminou em fracasso, e o Reino de Deus acabou por ser um reino futuro-escatológico como final dos tempos e transcendente, como sendo Deus mesmo o que seria ou escolheria o novo rei. Esse Reino está chegando e tem seu representante na pessoa de Jesus e dos apóstolos. Nada tem de material ou geográfico, e é formado pelos que aceitam Jesus como Senhor, caminho, verdade e vida. Por isso, dirá Jesus que “o Reino está dentro de vocês”.
A Igreja fundada por Jesus é a parte visível desse Reino, que não é como os do mundo, mas tem sua base em servir e não em ser servido (Lc 22,27). O oposto do amor, que é serviço no Reino, é o amor ao dinheiro (Mt 6,24), de modo que podemos afirmar que o dinheiro é o verdadeiro deus deste mundo.
“E durma e se levante noite e dia; e a semente germine e cresça de um modo que ele não tem conhecido” (v. 27). É importante unir este versículo ao anterior para obter o sentido completo da parábola. O agricultor faz sua vida independente e a semente nasce e cresce sem ter nada a ver com o agricultor, fora o fato de ser semeada por ele no início. Deste modo, Paulo pode afirmar: “Eu plantei, Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa somente Deus, que dá o crescimento” (1 Cor 3,6-7). Assim, na continuação dirá Jesus: “Pois por si mesma a terra frutifica primeiramente a erva, depois a espiga, depois o trigo pleno na espiga” (v. 28).
“Quando porém, tiver aparecido o fruto, rapidamente ele envia a foice porque tem aparecido a ceifa” (v. 29). Não há nada a comentar a não ser o trabalho do agricultor. Vemos como esse trabalho se reduz a semear e ceifar. A terra e a semente fazem o resto.
E dizia: “a que compararíamos o Reino do Deus, ou em que parábola o assemelharíamos?” (v. 30). Parece que Jesus medita antes de afirmar ou escolhe uma comparação apropriada. Seu estilo é o de chamar a atenção dos ouvintes, um simples recurso oratório que indica, por outra parte, uma memória viva dos ouvintes e não uma posterior reconstrução. É possível que estas palavras formem parte do método de ensino d’Ele.
“Como com a semente da mostarda, a qual quando sendo semeada na terra é a menor de todas as sementes sobre a terra” (v.31). A mostarda é uma planta da família da couve ou repolho, de grandes folhas, flores amarelas e pequenas sementes, que tem duas espécies principais: branca e preta. A branca chega até atingir 1,2 m de altura e a preta pode chegar até 3m e 4m de altura. A preta é comum nas margens do lago de Tiberíades e seu tronco se torna lenhoso. Por isso, os árabes falam de árvores de mostarda. Esta variedade só cresce ao longo do lago e às margens do Jordão. Os pintassilgos – gulosos de suas sementes – chegam em bandos para pousar nos seus galhos e comer os grãos. As sementes não são as menores entre as conhecidas, mas parece que eram modelo, na época, de coisas insignificantes. A mais comum é a branca – não tão ardente como a preta – precisamente por sua maior facilidade em recolher os frutos.
“E quando está semeada surge e se torna maior do que todas as hortaliças e produz galhos grandes de modo que podem, sob sua sombra, as aves do céu habitar” (v. 32). Temos visto como chegam até 3 ou 4 m de altura, suficientes para aninhar os pássaros em seus galhos.
“Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo” (v. 33 e 34). Os discípulos tinham ocasião de saber o significado verdadeiro das comparações, por vezes não muito claras para o ouvinte em geral. O caso mais evidente é o do semeador e os diversos terrenos em que a semente cai. O público podia ficar com a ideia de que a semente da Palavra era recebida de formas bem diversas pelos ouvintes, mas a razão destas diferenças só era explicada aos que, interessados, perguntaram junto aos Doze pela explicação dela (cf. Mc 4,13-20). O encontro com a Palavra é um dom de Deus, mas a resposta a ela depende da vontade e do interesse de cada um. A explicação correspondente sempre a receberá quem esteja interessado em saber a verdade.
Na primeira destas parábolas temos a exposição de como o Reino se expande com uma força que não depende dos homens, mas do próprio Deus. Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.
Na segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu crescimento seria espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a semente da mostarda – que se parece com a cabeça de um alfinete – até uma árvore que nada tem a invejar os carrascos da Palestina.
Uma certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode ignorar. Em que consiste? Jesus não revela sua essência, mas, devido ao nome, estamos inclinados a afirmar que o Reino, como nova instituição, é uma irrupção da presença de Deus na história humana, que seria uma revolução e uma conquista – não violenta mas interior do homem – e que deveria mudar a religião em primeiro lugar e as relações sociais em segundo termo.
Numa época em que revoluções externas e lutas pelo poder estavam unidas a uma teocracia religiosa era perigoso anunciar a natureza verdadeira do Reino. Daí que só as externas qualidades do Reino tenham sido descritas e de modo a não levantar reações violentas. O Reino sofrerá violências, mas não será o violentador (Mt 11,12).
Padre Bantu Mendonça