domingo, 28 de agosto de 2011

SANTO AGOSTINHO

Celebramos neste dia a memória do grande Bispo e Doutor da Igreja que nos enche de alegria, pois com a Graça de Deus tornou-se modelo de cristão para todos. Agostinho nasceu em Tagaste, no norte da África, em 354, filho de Patrício (convertido) e da cristã Santa Mônica, a qual rezou durante 33 anos para que o filho fosse de Deus.
Aconteceu que Agostinho era de grande capacidade intelectual, profundo, porém, preferiu saciar seu coração e procurar suas respostas existentes tanto nas paixões, como nas diversas correntes filosóficas, por isso tornou-se membro da seita dos maniqueus.
Com a morte do pai, Agostinho procurou se aprofundar nos estudos, principalmente na arte da retórica. Sendo assim, depois de passar em Roma, tornou-se professor em Milão, onde envolvido pela intercessão de Santa Mônica, acabou frequentando, por causa da oratória, os profundos e famosos Sermões de Santo Ambrósio. Até que por meio da Palavra anunciada, a Verdade começou a mudar sua vida.
O seu processo de conversão recebeu um "empurrão" quando, na luta contra os desejos da carne, acolheu o convite: "Toma e lê", e assim encontrou na Palavra de Deus (Romanos 13, 13ss) a força para a decisão por Jesus:"...revesti-vos do Senhor Jesus Cristo...não vos abandoneis às preocupações da carne para lhe satisfazerdes as concupiscências".
Santo Agostinho, que entrou no Céu com 76 anos de idade (no ano 430), converteu-se com 33 anos, quando foi catequizado e batizado por Santo Ambrósio. Depois de "perder" sua mãe, voltou para a África, onde fundou uma comunidade cristã ocupada na oração, estudo da Palavra e caridade. Isto, até ser ordenado Sacerdote e Bispo de Hipona, santo, sábio, apologista e fecundo filósofo e teólogo da Graça e da Verdade.
Santo Agostinho, rogai por nós!

REGENERADOS PELO ESPÍRITO

O Espírito Santo não quer ficar apenas na superfície, não quer banhar apenas a exterioridade. Ele quer penetrar em nós profundamente, e pode fazê-lo! O Espírito Santo pode penetrar mais e mais por nossos poros, para que o banho de ouro espiritual penetre e nos tornemos cada vez mais ouro. Não deixamos de ser o pobre metal que somos, mas cada vez mais ouro, cada vez mais regenerados pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, cada vez mais possuídos pelos dons do Espírito Santo Paráclito, cada vez mais frutos do Espírito.
E assim vamos nos transformando. Os Santos Padres da Igreja, quer dizer, os pais da Igreja, os pais do Cristianismo, já falavam desse processo de participação na divindade nos começos da Igreja, nos séculos II e III. Nós somos divinizados. Somos como uma joia de metal sem valor, cada vez mais banhada em ouro. Somos cada vez mais penetrados pelo ouro, que é o Espírito Santo de Deus. E você sabe: mais do que você, é Deus quem quer isso.
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

A VONTADE DE DEUS E A HUMANA

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Muitos cristãos, decepcionados, se revoltam contra Deus
Jesus afirmou: “Não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). Aliás, na Agonia no Horto das Oliveiras, Ele assim orou: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; contudo, não se faça como que quero, mas como tu queres” (Mt 16, 39). Deixou magnífico exemplo para Seus seguidores. Santo Agostinho, sabiamente, ensinou que “a vontade é a potência pela qual se erra e se vive com retidão”. Daí a necessidade da atenção para com essa faculdade da alma que pode ser prejudicada pela indecisão ou falta de resolução firme para aderir às inspirações divinas.
Todo progresso espiritual consiste em desejar firmemente seguir os ditames celestes. A egolatria pode sutilmente levar o cristão a não querer se sujeitar à voz de sua consciência. Daí a necessidade da maleabilidade nas mãos do Divino Espírito Santo, para que todas as intenções sejam verdadeiramente retas e não meros caprichos humanos. Eis porque advertia São Paulo aos Filipenses sobre aqueles que buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo (cf. Fl 2,21). Donde ser preciso solicitar sempre a graça da constância para que se fuja da precipitação, da volubilidade, não sendo nunca o discípulo de Cristo irresoluto e instável, conforme advertiu de São Tiago (cf. Tg 1,8).
Para isso mister se faz equilibrar o coração com a inteligência. Estando esta iluminada, cabe à vontade executar com sumo amor e total disposição o que deve ser realizado em cada momento. Aliás, a finalidade última de toda oração deve a total conformidade com os desígnios do Ser Supremo.
Esta imolação da vontade própria é sumamente agradável a Deus. Tudo depende do domínio de si mesmo, o qual torna o cristão imune aos desvios que impedem sua adesão ao bem a ser praticado. Nunca se pode esquecer que a fidelidade, mesmo nas pequenas atitudes, cerra a porta a quase todos os males das potências superiores da alma, pois treina a vontade para o total autodomínio, levando a uma tranquilidade absoluta no falar e no agir, graças ao valor das virtudes internas do espírito. Chega-se então àquela moderação de que fala São Paulo a Timóteo, levando cada um “uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e decoro” (1Tm 2,2). É que aceitar a vontade de Deus em todas as circunstâncias, durante todo o dia, é uma grande prova de amor.
Convém, porém, notar que, sendo Deus luz e amor, Ele se comunica com a pessoa humana de vários modos. São João da Cruz, sem querer, evidentemente, fazer um jogo de palavras diz que “às vezes percebe-se mais conhecimento do que amor; outras, mais amor do que inteligência ..., ou só conhecimento e nada de amor ..., ou só amor sem nenhuma informação do Espírito Santo”. O que vale, contudo, na prática, é a reta intenção de fazer o que Ele quer e não o que cada um desejaria fazer. É que um ato de vontade constante, feito com total dileção para com Deus, vale muito mais do que os grandes heroísmos passageiros, esporádicos. É desse modo que a vontade humana vai se tornando livre e generosa, como era a de Cristo, o qual pode dizer ser Seu alimento fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). É lógico que esta conformidade absoluta com os desígnios de Deus leva o cristão a suportar com paciência todas as incongruências de uma passagem por este "vale de lágrimas" como é o presente exílio nesta terra. Estas provações então purificam o coração como o ouro no crisol.
Quantos cristãos, infelizmente, quando Deus permite qualquer desgosto, por pequenino que este seja, chegam até a se revoltar contra Ele. Ainda bem que o Onipotente é paciente, pois poderia punir imediatamente estes insurgentes. Por tudo isso, o acatamento de tudo que Deus permite se torna fonte maravilhosa de merecimentos. A dependência filial em todas as circunstâncias da vida, este abandono amoroso nas mãos da Divina Providência, este oferecimento habitual nas dificuldades que surgem, esta paciência inalterável atraem o beneplácito do Todo-Poderoso Senhor. É quando o cristão deve se lembrar das palavras de São Paulo aos Coríntios: “Realmente, o leve peso de nossa tribulação no momento presente, prepara-nos, além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória; não que nós olhemos as coisas visíveis, mas para as invisíveis; é que as coisas visíveis são transitórias, ao passo que as invisíveis são eternas” (I Cor 5,417-18). Além do mais, a imperturbabilidade é o venturoso resultado da aceitação de tudo como vindo da mão de Deus. Tudo é, deste modo, contemplado pelo prisma da Divina Sabedoria.
É dessa maneira que o querer humano vai se transformando no querer divino. Pensar, desejar, aspirar, sentir em tudo conforme a adorável Vontade Divina deve ser sempre o grande intuito do verdadeiro imitador de Jesus Cristo.

Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho