sábado, 23 de julho de 2011

AS PÉROLAS DA VIDA

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A sociedade atual tem de tudo, mas nem tudo faz bem ao ser humano

A maior pérola da existência terrena é a pessoa humana, com suas reais condições de vida saudável e de dignidade. A isso se junta sua capacidade de decisão, de empenho e de discernimento para realizar aquilo que convém e que ajuda na sua real existência.
O discernimento, também entendido como escolha consciente e livre, é a capacidade de opção, fazendo investimento no que é bom, rejeitando tudo aquilo que é ruim e que prejudica a força da esperança contida no coração de todas as pessoas. É marca fundamental na pessoa humana a sabedoria nos julgamentos, na administração, na equidade e no bom senso. Importa ter um coração sábio e inteligente, porque ali reside a condição do pensar e do conhecimento do bem e do mal.
As atitudes de dureza de atos são prejudiciais para a comunidade, seja ela qual for. A família pode ser a maior e primeira prejudicada, convivendo com práticas autoritárias, com mandos e desmandos de formas inconsequentes. Toda prática autoritária acaba sendo corrupta e exploradora das pessoas. Podemos dizer que a sabedoria divina é uma grande pérola, mas tem que ser bem usada, sabendo discernir com precisão o que é bom e o que é mal na comunidade.
As pérolas são tesouros como sinais de vida. No dizer dos provérbios: "Feliz o homem que encontrou a sabedoria..., mais feliz ainda é quem a retém" (Pr 3, 13-18). É como encontrar ouro, prata e objetos preciosos. Jesus fala do Reino de Deus como pérola a ser procurada.
A sociedade atual tem de tudo, mas nem tudo faz bem para o ser humano. É necessário distinguir o que serve para ajudar o homem e a mulher na sua dignidade, no ser imagem e semelhança de Deus. A maior pérola é a filiação divina do ser humano.
Enfim, a vida humana, como maior pérola na história, é uma conquista diária, com lutas e enfrentamentos a todo instante. E não é fácil fazer o bem no meio de tantas propostas oferecidas pela cultura do mal e da violência ao ser humano.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

ESPERE EM DEUS ELE TUDO PODE

Durante a vida, aprendemos que é preciso dar nomes às coisas, seja a um objeto, seja a uma pessoa ou a uma franqueza e até mesmo aos nossos sonhos.
O seu sonho pode ser uma cura, a realização de um desejo ou até mesmo um sonho vivido por outra pessoa. Assim como uma mãe que pede pela conversão do seu filho, aquele filho entregue às drogas e a outros vícios, muitas vezes, passamos uma vida sonhando com a realização desse sonho. Assim como Abraão, que esperou 99 anos para realizar o sonho de ter um filho, o filho da promessa, como Deus havia predito.
Deus nos oferece um relacionamento de fidelidade, tudo o que Ele diz é cumprido. E isso é parte essencial para que nossos sonhos sejam realizados, pois se eles tocam o Senhor e Ele nos responde, com certeza, seremos atendidos.
Devemos nos prender à sabedoria do Senhor e não à nossa "achologia". Ele é muito concreto em Suas palavras e seguro em Seus atos. É preciso abrir nossos corações para ouvir as palavras do Senhor, pois todas as respostas que precisamos estão nelas [palavras do Senhor]. No entanto, muitas vezes, não somos capazes de ouvi-Lo naquele momento.
As coisas acontecem em nossa vida no seu devido tempo. Não devemos apressá-las, porque talvez não estejamos preparados para receber a graça que tanto pedimos. Muitas vezes, pensamos: "Mas eu peço tanto essa graça a Deus e até hoje Ele não me atendeu. Por quê?" Estamos fazendo a pergunta errada. Deveríamos perguntar a Ele se estamos prontos para recebê-la.
Deus vai nos testando, nos desafiando, tudo isso para sermos mais fortes e capazes de suportar todo o fardo. Ele quer ter certeza de que o filho amado será capaz de receber Suas graças e crescer nelas. Porque tudo o que Deus Pai faz é para nos fazer filhos melhores.
Abra-se para Deus, não tenha medo de deixá-Lo entrar em sua vida. Tudo o que Ele quer e deseja é ser parte fundamental em todas suas realizações. Deus é esperança de algo muito maior, assim como a promessa de um tempo rico de Suas graças.
Alexandre Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova

A MULTIPLICAÇÃO PRODIGIOSA

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Deus considera a intenção de ajudar o irmão
Entre as mensagens que a prodigiosa multiplicação dos pães oferece não se pode deixar de admirar a imensa munificência de Cristo diante da perplexidade dos Seus discípulos a lhe dizerem num lugar deserto: “Despede as multidões para que possam ir aos povoados comprar comida”. (Mt 14,13-21). Eles tinham apenas cinco pães e dois peixes, mas ali estava o poderoso Filho de Deus, que possuía um coração transbordante de amor e que se compadeceu de quantos tinham vindo a Ele.
O evangelista detalhou que eram mais ou menos cinco mil homens sem contar mulheres e crianças. O pouco que havia não inquietava o Mestre. O que contava a Seus olhos era Sua intenção sincera de realizar um ato de generosidade. Ele ensina, com isso, que se deve fazer o bem ainda que as dificuldades sejam enormes, deixando-nos o recado de que nunca o nosso pão é tão pequenino que não o possamos repartir com o próximo em necessidade. O que conta diante de Deus é a reta intenção de ajudar o irmão em todas as circunstâncias. O amor aos outros é indissociável do amor de Deus, pois os dois mandamentos são o vértice e a chave da Lei.
Dirá São João: "Quem não ama seu irmão a quem vê não poderia amar Deus a quem não vê". São Paulo mostrará aos Gálatas que “toda a lei compendia-se nestas simples palavras: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Gl 5,14). Trata-se da obra única e multiforme de toda fé viva. Portanto, no fundo, só há um só amor. Este, porém, se manifesta na doação. Lembrava, com razão: "O espírito enriquece com o que recebe; o coração, com o que dá”, afirma Victor Hugo. Entretanto, cumpre observar que o amor do próximo é essencialmente religioso, não é uma simples filantropia. Com efeito, o modelo é o próprio amor de Deus. Além disto, sua fonte é a obra divina no interior de cada um.
Não poderemos ser misericordiosos com o Pai celeste se o Senhor não no-lo ensinar, como mostrou São Paulo aos Tessalonicenses: "Quanto à caridade fraterna, não precisais que eu vos escreva, pois vós mesmos aprendestes de Deus a amar-vos uns aos outros" (Tl 4,9).
Foi o que ele frisou também aos Romanos: "O amor de Deus se encontra largamente difundido nos nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado" (Rm 5,5). O fundamento de tudo isso é que o próprio Deus nos toma por filhos, como ensinou São João: "O amor vem de Deus e todo aquele que ama é gerado por Deus e conhece a Deus {...] porque Deus é amor" (I Jo 44, 7-8). Amando os nossos irmãos amamos o próprio Senhor como está no relato do Juízo universal: "Na verdade vos digo que tudo que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40).
É de se notar ainda como base do magno ensinamento de Jesus, quando multiplicou os pães, o fato de formarmos o Corpo de Cristo e, por isso, o que se passa com o próximo não pode ser indiferente ao verdadeiro cristão. Aí está a razão pela qual Cristo fez do preceito do amor o Seu sublime testamento: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 13,34).
Tão grande dileção não permitiria que Ele despedisse a multidão faminta e, ao mesmo tempo, deixasse de oferecer tão inefável lição. Ele desejava deixar claro que Seu amor continuaria a se exprimir por meio da caridade que os discípulos mostrassem entre si. Amando como Cristo os cristãos viveriam uma realidade divina e eterna.
A fraternidade deveria ser uma comunhão total na qual cada um se engajaria com toda sua capacidade de amor e de fé. Trata-se de um amor exigente e concreto.Tocante o desejo que Jesus expressou ao Pai: "Que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles" (Jo 17,26). A generosidade seria inclusive a carteira de identidade do batizado: "Nisto todos vos reconhecerá como meus discípulos: no amor que tiverdes uns para com os outros" (Jo 13,35).
A essência desta dileção é a doação. Foi o que o apóstolo dos gentios compreendeu e pôde proclamar: "Fiz-me tudo para todos para a todos salvar" (I Cor 9,22).
O coração do cristão deve ser como a Hóstia Consagrada, que é outro Pão multiplicado maravilhosamente por Jesus, no qual cada parcela infinitésima em que fosse dividido seria capaz de conter, vivo e perfeito, o tesouro do amor do Coração d'Aquele que se apiedou da multidão lá no deserto.
Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho