domingo, 22 de maio de 2011

IRMÃ DULCE

SANTA RITA

Santa Ra Rita de Cássia
Santa Rita de Cássia Nasceu na Itália, em Cássia, no ano de 1380. Seu grande desejo era consagrar-se numa vida religiosa. Mas, segundo os costumes de seu tempo, ela foi entregue em matrimônio para Paulo Ferdinando.
Tiveram dois filhos, e ela como mãe buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.
Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo.
Seu esposo acabou sendo assassinado. Não demorou muito, seus filhos também morreram.
Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor.
Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa.
Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito, devido a humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava aos outros. E teve que viver resguardada.
Morreu com 76 anos, após uma dura enfermidade que a fez sofrer por 4 anos.
Hoje ela intercede pelos impossíveis de nossa vida.
Santa Rita de Cássia, rogai por nós!

CAMINHO , VERDADE E VIDA


Temos modos de proceder que implicam moralidade

Três palavras envolventes, relacionadas à realidade de cada pessoa humana, que marcam o perfil de sua identidade e de seu ser. A prática de cada uma delas depende da forma da ação humana a partir da liberdade e da capacidade de atuação.
A Sagrada Escritura dá a Jesus Cristo e à Sua missão como Filho de Deus o qualificado de Caminho, Verdade e Vida. De “Caminho” quando Ele mesmo diz: “Segue-me...”. De “Verdade” tendo como base a Sua coerência nas ações. E de “Vida” quando na cruz venceu a morte ressuscitando.
Na origem de tudo está o exercício responsável de nossas ações. Isso tanto na vida profissional como no empenho pela transformação da sociedade, na humanização, no mundo da cultura, entre outros. Toda pessoa deve agir de forma coerente na construção de uma realidade nova.
Podemos aqui falar da dimensão de pastor e ovelha, de assentimento mútuo, englobando Caminho, Verdade e Vida. É uma porta de entrada no ambiente saudável, sem corrupção, sem inverdades e de respeito incondicional à vida, seja de pastor e de ovelha.
Temos modos de proceder que implicam moralidade e responsabilidade nos seus frutos. O que deve estar em jogo é o valor da vida e da verdade como o fez Jesus na prática de construção do Reino de Deus. Isso supõe amor e fidelidade até o fim.
O nosso modo de agir cristão deve ter um selo de garantia, de atuação do Espírito de Deus em Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Não podemos trair a nossa fé, jogando por terra as habilidades que recebemos como virtudes e dons para o bem comum.
As atitudes desumanas desabonam o nosso caminho e nos deixam fragilizados para produzir os frutos que contribuem com a vida como Dom de Deus. Assim sendo, deixamos de ver “além de nossos horizontes”, e a vida perde o seu real sentido.
Ser cristão não é apenas proclamar um credo de voz alta ou de pertencer a alguma instituição, mesmo religiosa, mas colocar na própria vida as riquezas do Deus-Amor, que significa trilhar os caminhos, a exemplo de Jesus Cristo.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José de Rio Preto

UM OLHAR SIMPLES SOBRE AS COISAS

Nós falamos várias vezes sobre o olhar de Deus, Ele tem o olhar que nos cura. Muitas vezes olhamos para a Hóstia, mas é importante nos darmos conta de que o que nos cura é o olhar que Ele tem para nós.
Mas nesta palestra quero falar sobre o nosso olhar, existe o olhar de Deus sobre nós, mas se nós somos curados pelo olhar de Deus, essa cura proporciona a nós um olhar curado, uma forma nova de olhar o mundo.
Ninguém traz uma lâmpada para colocá-la num lugar escondido ou debaixo de uma vasilha; coloca-a no suporte, a fim de que os que entram vejam a claridade. A lâmpada que ilumina o corpo é o olho. (Lc11,33-34a) São Lucas era médico, mas também era pintor, fez diversos ícones da Virgem Maria, como nos ensina a Sagrada Tradição. Jesus diz que a lâmpada que ilumina o corpo é o olho, todos sabemos que o olho não tem luz própria, mas aqui Ele não fala sobre a biologia do nosso corpo, Ele revela o segredo da alma, existe uma forma de enxergar o mundo que nos ilumina e uma forma que nos leva as trevas, Ele fala da visão espiritual.
Se teu olho for simples, ficarás todo cheio de luz; mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas!35.Examina, pois, se a luz em ti não são trevas!36.Se então teu corpo estiver todo cheio de luz, sem traço algum de escuridão, ficarás totalmente iluminado, como acontece quando a lâmpada te ilumina com seu clarão”. (Lc11,34b-36) Ele fala de uma iluminação interior. O olho seria a janela da alma, essa abertura pela qual a luz entra no nosso interior, na nossa alma. Nós precisamos ter um olhar diferente sobre o mundo, isto faz a diferença.
Nenhum acontecimento na sua vida o traumatiza, o que traumatiza é a reação que você teve diante do acontecimento. Nós somos livres para reagir diante da vida. O que muda é nossa reação, não é o que você viveu, mas como você reagiu no que viveu. A diferença está no olhar de como você olha diante das realidades, diante do mundo. Sofrimento todo mundo tem, mas como você reage diante da cruz da vida?
A maturidade humana se mede diante da capacidade que a pessoa tem de experimentar o sofrimento e transformá-lo numa coisa positiva. Existe dois tipos de adulto, aquele que sofre e se torna algo destruidor, transformando em coisas que fazem mal a ele (depressão), ou aquele que sofre e é capaz de transformar aquilo em cruz que o leva a ressurreição. Ou você abraça sua cruz e corre para ressurreição, ou você foge da cruz e morre esmagado por ela.
O olho é a lâmpada do corpo. “Se teu olho for simples, ficarás todo cheio de luz;” Simples é ser sem dobras. Uma coisa complicada é uma coisa que foi dobrado, que não consegue se ver facilmente. Simples é uma coisa aberta, as coisas de Deus são simples, nós que somos complicados, Deus quer que tenhamos um olhar simples sobre as coisas. Eu quero ajudar a você ter um olhar simples sobre as coisas. 
O que faz ter um olhar complicado diante das coisas, é ficar olhando para si mesmo, atitude do egoísmo. Vamos olhar o mundo com a simplicidade de Deus. Ele nos colocou neste mundo para preparar o céu, e esquecemos disso, nos complicamos. Esquecemos dessa realidade e ficamos perdidos em nossa vida. Essa vida é muito simples. Jesus disse para Marta, “Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas, uma só coisa é necessária” você preparar a sua vida para Deus.
Eu sou padre para preparar o meu céu e ajudá-los a chegarem ao céu. Olhe para sua vida de uma maneira muito simples, de quem está preparando o seu céu. Minha vida seria muito complicada se eu como padre estivesse preocupado com minha carreira, em ser bispo, ser famoso. Não adiantaria nada conseguir tudo isso e perder o meu céu. A simplicidade é preparar o meu céu.
Para você que vai se casar a felicidade existe, mas não será sua esposa (o) que lhe dará a felicidade. Sua felicidade está em preparar o céu. O seu companheiro (a) é alguém que te ajuda a ir para o céu. Jesus nunca prometeu felicidade para ninguém nesta terra. Mas no céu você terá a felicidade. Quem promete felicidade aqui é o diabo e ele sempre dá o inferno.
Essa vida é bonita, é boa, tem alegria sim para nos dar, mas a felicidade é sempre marcada por uma tristeza, o prazer é sempre empanado por uma dor, a vida é assim. Não tem nada errado com sua vida, aqui existe coisas boas e bonitas, mas aqui é só um tira-gosto, o banquete é no céu. Aqui nunca terá felicidade completa, eu sou profundamente feliz por saber que isto aqui não é tudo. A vida é bonita, mas se ela for tudo ela se torna uma má notícia. O tira-gosto é bom, mas ele pesa no estômago. A vida é bela, mas queremos muito mais.
Jesus olhava para esta vida, dando a vida, nós precisamos dar a vida, amar. O que complica nesta vida é não enxergarmos o amor de Deus. Se você está amando os outros, Deus te amou primeiro. O olhar complicado é da pessoa que não abre o olho para ver o amor de Deus em primeiro lugar. Muitos acham que amam primeiro, e então se cansam de amar, e quer somente ser amado. Isso é um olhar complicado. Abra o olho e enxergue que Deus te amou primeiro. Você responde o amor de Deus amando as outras pessoas. Você já é amado. Se seu olhar for simples, você enxergará que já foi amado. Uma pessoa que não se sente amado é como um homem que tem trilhões de dinheiro no banco e fica na rua mendigando.
Se seu olhar é complicado a sua vida se tornará trevas, você viverá sem a luz que vem de Deus. Nós como cristãos podemos pedir a Deus um novo olhar, um olhar simples, para enxergarmos as coisas sem que elas nos destruam, sem que elas afetem o amor de Deus em nossa vida. Jesus também sofreu, chorou, viveu a cruz. Não estou aqui propondo a mágica da Poliana, que é uma menina da literatura que descobriu que sofreria menos se visse o lado positivo de todas as coisas, não é isso que estou propondo, o pecado continua sendo terrível, satanás continuará nos tentando para perdemos a vida eterna, mas faz parte do nosso arsenal de guerra ter um olhar simples.
Estou aqui para preparar o meu céu e a única forma é amar os outros. Dizer que crer no céu atrapalha o amor é não entender nada de céu. Nós queremos a páscoa do céu, mas não existe ressurreição se eu não abraçar a cruz. Examina sobre como você está olhando a vida, se está olhando o tira-gosto como se fosse um banquete, querendo da vida aquilo que ela não pode lhe dar. Se você mantém o foco no amor de Deus, tudo muda.
Eu não sei o que será de mim amanhã, a vida muda tanto. Quando fui ordenado nunca pensei que faria programa na TV, que teria um site na internet, eu pensava no meu sacerdócio de uma forma totalmente diferente, pense se eu ficasse apegado aos sonhos de 19 anos atrás. Deus te dá circunstância diferentes.
As pombas são simples, pois ela voa reto, ela sabe onde vai chegar. Precisamos ter a simplicidade da pomba, mas a prudência da serpente, ela caminha de forma sinuosa, ela dribla os obstáculos. Tenha jogo de cintura, saiba refazer os seus planos em cima das cinzas de seus planos antigos. Deus preparou um lugar para mim no céu e lá a felicidade. Enquanto isso a felicidade daqui é sempre manchada por um pouco de tristeza, por isso precisamos viver a simplicidade da pomba e a prudência da serpente.

VIDA IRMÃ DULCE

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. A fragilidade com que viveu os últimos 30 anos da sua vida, com a saúde abalada seriamente - tinha 70% da capacidade respiratória comprometida - não impediu que ela construísse e mantivesse uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país, batendo de porta em porta pelas ruas de Salvador, nos mercados, feiras livres ou nos gabinetes de governadores, prefeitos, secretários, presidentes da República, sempre com a determinação de quem fez da própria vida um instrumento vivo da fé.
Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes, professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, ao nascer em 26 de maio de 1914 em Salvador, Irmã Dulce recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. O bebê veio ao mundo na rua São José de Baixo, 36, no bairro do Barbalho, na freguesia de Santo Antônio Além do Carmo. A menina Maria Rita foi uma criança cheia de alegria, adorava brincar de boneca, empinar arraia e tinha especial predileção pelo futebol - era torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time formado pela classe trabalhadora e excluídos sociais que foi o primeiro a romper com o perfil elitista do esporte baiano no início do século XX.
Aos sete anos, em 1921, perde sua mãe Dulce, que tinha apenas 26 anos. No ano seguinte, junto com seus irmãos Augusto e Dulce (a querida Dulcinha), faz a primeira comunhão, na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo. A sua vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que ela levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha.
Aos 13 anos, o destemor e o senso de justiça, traços marcantes revelados quando ainda era muito novinha, faziam com que ela acolhesse mendigos e doentes, transformando a casa da família, na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré, num centro de atendimento. É nessa época, em que sua casa ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal o número de carentes que se aglomeravam à porta, que ela manifesta pela primeira vez o desejo de se dedicar à vida religiosa, após visitar com uma tia áreas onde habitavam pessoas pobres.
Em 8 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora,Maria Rita entrava para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Pouco mais de um ano depois, em 15 de agosto de 1934, era ordenada freira, aos 20 anos de idade, recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.
A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas, o seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também os operários que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia. Em 1937, funda, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações - o Cine Roma, o Cine Plataforma e o Cine São Caetano. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurava o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.
Nesse mesmo ano, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários lugares. Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupa um galinheiro ao lado do convento, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. A iniciativa deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro. Já em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.
O incentivo para construir a sua obra, Irmã Dulce teve do povo baiano, de brasileiros dos diversos estados e de personalidades internacionais. Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouviu do Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra.
Os dois voltariam a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Sumo Pontífice ao Brasil. João Paulo II fez questão de quebrar o rigor da sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já bastante debilitada, no seu leito de enferma. Cinco meses depois da visita do Papa, os baianos chorariam a morte do Anjo Bom. No velório, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, políticos, empresários, artistas, se misturavam a dor das milhares de pessoas simples, anônimas. Muitas delas, identificadas com o que poderíamos chamar do último nível da escala social, justamente para quem Irmã Dulce dedicou a sua obra.