domingo, 20 de março de 2011

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

 

É bom estarmos aqui.A Igreja celebra e comemora hoje a Festa da Transfiguração do Senhor. Jesus se revela diante dos Apóstolos Pedro, Tiago e João, mostrando-lhes nesta revelação a Face de Deus e que Ele é realmente o seu Filho Predileto. Todos nós cristãos somos também chamados a contemplar a Face de Deus nos pobres, nos doentes, nos marginalizados, naqueles que sofrem todo tipo de perseguição e de morte. Deus se revela a nós em Jesus Cristo e precisamos de uma profunda intimidade com Ele para contemplarmos este Rosto maravilhoso de Deus, que é Amor e Misericórdia. Anastácio Sinaíta, Bispo, nos fala em um de seus Sermões: ' Jesus manisfestou a seus discípulos este mistério no monte Tabor. Havia andado com eles, falando-lhes a respeito de seu Reino e da segunda vinda na glória. Mas talvez não estivessem muito seguros daquilo que lhes anunciara sobre o Reino. Para que tivessem firme convicção no íntimo do coração e, mediante as realidades presentes, cressem nas futuras, deu-lhes ver maravilhosamente a divina manifestação do monte Tabor, imagem prefigurada do Reino dos Céus. (...) São estas as maravilhas da presente solenidade, é este o mistério de salvação para nós que agora se cumpriu no monte: ao mesmo tempo, congregam-nos agora a morte e a festa de Cristo. ara penetrarmos junto àqueles escolhidos dentre os dicípulos, inspirados por Deus, na profundeza destes inefáveis e sagrados mistérios, escutemos a voz divina que do alto, do cume da montanha, nos chama instantemente. (...)Para lá corramos cheios de ardor e de alegria; entremos na nuvem misteriosa, semelhantes a Moisés e Elias ou Tiago e João. Sê tu também como Pedro, arrebatado pela divina visão e aparição, transfigurado por esta linda Transfiguração, erguido do mundo, separado da terra. Deixa a carne, abandona a criatura e converte-te para o Criador a quem Pedro, fora de si, diz: -Pe. Jurandir Ribeiro

RETIRO POPULAR-SEGUNDO DOMINGO QUARESMA

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça 

Segunda semana da Quaresma Saulo, entretanto, respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de trazer presos para Jerusalém os homens e mulheres que encontrasse, adeptos do Caminho. Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, de repente viu-se cercado por uma luz que vinha do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saul, Saul, por que me persegues?” Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Agora, levanta-te, entra na cidade, e ali te será dito o que deves fazer” (At 9,1-5).
Como Saulo, que depois se tornou Paulo, nossos caminhos nos proporcionaram uma graça, a maior de todas: o encontro com Jesus Cristo.
Na primeira semana da Quaresma, muitas surpresas podem ter ocorrido ao defrontar-nos com nossa situação humana. Quem sabe até descobrimos estar perseguindo Jesus! É que Ele se esconde e se mostra no próximo com o qual nos encontramos todos os dias. Ou podemos ter visitado páginas de nossa história que gostaríamos de ver arrancadas! E Deus nos levou ao deserto, alimentou-nos e sustentou-nos com sua Palavra de Vida.
Parece contraditório, mas a segunda semana começa com uma nova figura ou com transfiguração! É uma nova etapa do Caminho, e ele é sempre caminho de Páscoa! Os discípulos Pedro, Tiago e João, companheiros medrosos e ao mesmo tempo fiéis de Jesus em todas as jornadas, sobem com Ele ao monte da Transfiguração, que a tradição localizou no Tabor.
Olhar para Jesus, estar junto com testemunhas qualificadas como Moisés e Elias, entrar na nuvem com Jesus, ouvir a voz do Pai. Não são experiências exclusivas dos discípulos que, depois da Ressurreição de Jesus, espalharam a notícia. Subamos com eles ao monte, superando as dificuldades do caminho.
Durante a segunda semana do Retiro Popular, que a Palavra do Senhor se torne cântico para ritmar os nossos passos em nossa terra de peregrinos. Mesmo que a vida seja corrida, fazer retiro pede um tempo dedicado ao Senhor. Além disso, o Retiro será um modo de iluminar suas atividades cotidianas.
“Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação”.
Dom Alberto Taveiras

JEJUAR DO MUNDO

É possível jejuar das notícias inúteis e das imagens do mundo
A Quaresma é um tempo no qual vivemos a tensão para encontrarmos o equilíbrio certo, o momento exato, a fórmula 'mágica' para vivermos a tríplice ordem – jejum, esmola e oração. Sabemos que a Igreja nos ensina várias modalidades para mergulharmos nesta intimidade com Jesus por meio desses atos. Porém, ela não fecha em uma forma exata, dogmatizada, sobre como devemos praticar o jejum, a esmola e a oração.
Assim, para encontramos a medida certa precisamos ser criativos, sobretudo no que diz respeito ao jejum. Clemente de Alexandria, em sua criatividade, nos ensinou a “Jejuar do Mundo”, ou seja, a nos afastarmos das situações rotineiras que não nos colocam em comunhão com Jesus. Essas modalidades são chamadas extracanônicas (cf., Estromatas, II, 15: GCS 15,242).
Para explicarmos isso melhor recorremos à proposta de "Jejum do Mundo" ensinada pelo Frei Ranieiro Cantalamessa – pregador da Casa Pontifícia, no livro "Preparai os Caminhos do Senhor".Segundo ele existe um tipo de mortificação possível a todos e, acima de tudo, benéfica, que é o jejum das notícias inúteis e das imagens do mundo. O religioso afirma que vivemos em um mundo no qual a comunicação em massa nos bombardeia com notícias, informações, propagandas, imagens que corroem a nossa vida espiritual.
Essas informações e imagens, presentes na televisão, na publicidade, nos espetáculos, nos jornais, nas revistas, na internet tornaram-se o veículo privilegiado para a expansão da ideologia mundana, consequentemente nos afastam da união com o Senhor. Podemos constatar isso na nossa vida, sabemos o quão difícil é nos recolhermos para rezar em meio a tanto "barulho". Um exemplo claro disso é quando acabamos de nos "encher" de algumas informações e vamos rezar, parece que não "desligamos", ficamos pensando no celular que poderá tocar, na notícia que acabamos de receber, na fofoca que ouvimos ou falamos, daquela bendita música – secular, que não sai da nossa cabeça –, enfim, levamos em nosso coração todos aqueles emaranhados de notícias que acabamos de ouvir e ver. Portanto, não é possível encher os olhos, a mente e o coração com essas imagens e informações e depois querer rezar.
Frei Raniero afirma ainda que "o Reino de Deus tem as suas notícias eternas, sempre novas, a serem ouvidas, e, pelo fato de estarmos tomados pela paixão das notícias do mundo, não mais as compreendemos. Parecem-nos apenas coisas velhas superadas, não a proclamaremos com força, pois elas não vivem com força dentro de nós".Podemos, dessa forma, em meio à rapidez das informações, dedicar nosso tempo gasto com a procura destas informações inúteis à oração, por intermédio do Jejum do Mundo, pois todo pequeno esforço pode se transformar em uma ocasião de encontro com Deus. Assim, desviando o nosso olhar da ilusão (cf. Sl 119,37), teremos acesso às notícias eternas, as quais somente os corações íntimos do Senhor podem ver.
Ricardo Gaiotti Silva

DEUS TEM PARA CADA DOR UMA CURA


Vamos caminhar no relato bíblico de um homem que durante 38 anos sofreu paralitico às margens de uma piscina chamada Betesda. A história deste homem é a historia da nossa cura.
“Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos. Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. [Pois de tempos em tempos um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.] Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: Queres ficar curado? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim. Ordenou-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado.” (Jo 5, 1-9)
São João, no seu Evangelho, resumiu a vida de Jesus em 7 grandes sinais (milagres). O termo Betesda significa “misericórdia”.
Este homem paralítico, era muito conhecido naquele lugar, porque ninguém fica 38 anos num lugar sem ser notado. Jesus viu e conhecia aquele paralitico e faz a pergunta. Jesus já havia visto aquele homem lá e faz uma pergunta, aparentemente “inútil”: “queres ficar curado?”. É a mesma coisa de você perguntar para uma criança “você gosta de bombom?”. Para Jesus você não é apenas mais um no meio da multidão.
Aquele homem começa falar para Jesus sobre a sua dor: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque”. Essa frase está carregada de sentido porque o homem começa falando para Jesus da sua história, ou seja, a solidão era a dor daquele homem.
Todos nós, no momento de dor, queremos alguém do nosso lado, queremos a nossa família, queremos os nossos amigos. Nos momentos de tragédia é que nós queremos, do nosso lado, as pessoas que mais amamos.
Talvez você viva esta dor de estar abandonado, esquecido. Talvez o seu sofrimento seja parecido com este paralítico que precisava antes que a cura física da cura interior. Enquanto vou, já outro desceu antes de mim” ou seja, outras pessoas recebiam as graças no lugar dele. No Brasil, tenho rezado por muita gente, especialmente jovens, que estão cheios de magoas porque foram passados para trás. Mas não importa se você foi passado para trás, se você se sente frustrados, se você se sente menor por causa disso, saiba: Deus derramou o Seu Sangue por você; você é amado por Deus não importa o que aconteceu.
Jesus estava interessado na restauração completa daquele homem. Deus é amor e o amor dele é que cura. Aquele homem precisava de um amor que ele nunca teve na vida e agora estava ali, abandonado pelos homens mas diante do amor, diante de Jesus. Ele estava diante do que ele precisava.
A cura interior funciona como um espinho tirado do coração. Trauma e desamor é como este espinho, dói tirar, mas se não tirar, inflama. Quando você sente o amor verdadeiro de Deus só ele basta, só Deus é o bastante.
A cura que Deus faz é a cura da nossa historia de vida. Para Deus o seu passado já acabou. Pare de sofrer remoendo o seu passado! Deus não pede conta do seu passado, Ele quer curar agora o seu coração. Assim como aquele homem doente, não tinha condições de ir ao encontro de Deus, Deus vai ao encontro do doente.
Roberto Tannus